Foto: Junior Santos |
O Seturn esclareceu que, com a saída de Fernando e João Carlos Queiroz do negócio, a gestão da Guanabara será substituída. "Os funcionários, porém, permanecem", tranquiliza Augusto Maranhão, diretor de comunicação do sindicato. A venda, segundo ele, não se trata de uma questão pontual. "O sistema de transporte coletivo vem capengando. Os custos de operação das empresas que atuam em Natal subiram em até 60%". Isso porque o número de viagens diárias caiu de 10 para seis, com os engarrafamentos, reduzindo o número de pessoas transportadas e, consequentemente, a receita. "Desta forma, fechar a conta no final do mês está cada vez muito difícil". Segundo ele, o fato dos usuários bancarem a gratuidade dos ônibus e da Prefeitura não subsidiar a viagem dos não pagantes está levando o sistema a bancarrota. "Hoje foi a Guanabara. Amanhã será outra". Outras empresas de ônibus municipais e intermunicipais já foram vendidas. Entre elas, a extinta Pirangi, vendida em 2002, ao grupo carioca Coesa, e a Trampolim da Vitória, que teve 70% de sua participação vendida em março de 2010, ao também pernambucano Itamaracá.
"As empresas potiguares estão com os dias contados. Não há a mínima condição de se manter, em razão dos prejuízos acumulados. Desta vez, foi a Guanabara. Cidade do Natal, Transflor, Nossa Senhora da Conceição e Rio Grandense podem ser as próximas".
A dificuldade em 'fechar a conta' não seria de hoje, segundo ele. Sem capital para renovar a frota, as empresas locais temem ficar fora da licitação, prevista para março de 2012. "Talvez não consigamos nos adequar", preocupa-se. Segundo ele, um dos critérios é que a frota tenha idade máxima de 3,5 anos, média nacional. Os ônibus que circulam em Natal tem em média 5 anos - 1,5 anos a mais que o recomendado.
"Como as empresas não têm condição de renovar a frota, estão vendendo ou se associando a grupos mais fortes. A tendência no mercado natalense será essa", afirma Augusto Maranhão. Para ele, a venda de parte da Guanabara para a EME será benéfica. "A frota da Guanabara será renovada. Outras empresas tentarão acompanhar estas mudanças, se não serão abatidas". Segundo o Seturn, o RN conta com 21 empresas de ônibus, entre municipais, metropolitanas e intermunicipais. Só em Natal, circulam 750 ônibus. Eles transportam por dia meio milhão de pessoas.