Um estudo apresentado pelo professor Luiz Miguel de Miranda, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das obras da Copa do Mundo de 2014 aponta que cerca de 80% da população não estaria disposta a trocar o carro ou a motocicleta por um modal de transporte de alto desempenho, como o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).
O estudo, segundo o professor, foi realizado em meados de 2010, quando ainda se discutia qual modal seria implantado em Cuiabá e Várzea Grande - VLT ou o Bus Rapid Transit (BRT) - e levou os parlamentares membros da CPI à conclusão de que o governo do Estado, à época, também teria condições de realizar uma pesquisa semelhantes que auxiliasse na escolha entre as opções então disponíveis.
Ainda de acordo com Miranda, a pesquisa não se estendeu aos motivos pelos quais as pessoas não trocariam de modal de transporte, mas boa parte delas teria respondido aos pesquisadores não acreditar que um novo modelo de transporte coletivo seria, de fato, implantado na Capital até a Copa do Mundo pelo governo do Estado.
A pesquisa desenvolvida para embasar uma tese de mestrado ouviu 1.150 pessoas, dentro de um período de quatro meses. As entrevista foram realizadas no horário de pico do trânsito, no trajeto que deve ser o eixo Aeroporto/CPA do VLT.
Os questionamentos para avaliar se as pessoas estariam ou não dispostas a deixar seus veículos individuais para se locomover com um sistema de transporte coletivo levaram em consideração o tempo e o custo das viagens realizadas por elas de casa ao trabalho. De acordo com o professor, mesmo com um gasto menor e um tempo relativamente semelhante, a maioria dos entrevistados respondeu não estar disposto a fazer a troca.
Durante a oitiva em que apresentou os dados, Miranda afirmou que a conclusão a que se pode chegar é de que não valeria a pena para o Estado investir na implantação de um modal de alto desempenho, como o VLT, a menos que também se discutissem políticas públicas de incentivo ao uso deste transporte.
O professor citou como alternativas o rodízio de carros, que proibiria parte dos veículos de circular em determinado dia da semana, conforme a numeração de suas placas de identificação; assim como a extinção das zonas de estacionamento no centro da cidade ou mesmo a cobrança de pedágio para trafegar pelo centro da Capital.