Quem depende de transporte público reclama que além de muitas vezes ser obrigado a enfrentar ônibus lotado, ainda tem que aguentar grosserias de cobradores e de motoristas. A insatisfação é tanta, que só nos últimos dois anos o Disque-Denúncia registrou 54 ligações de passageiros denunciando a ação de motoristas e cobradores.Entre as queixas que chegaram à Secretaria de Defesa Social, 44% reclamaram de motoristas que não param nos pontos determinados e 56% foram referentes as agressões e maus-tratos cometidas por motoristas e cobradores. As principais vítimas são crianças, idosos e deficientes físicos.
Até os próprios motoristas admitem que há colegas que se excedem e partem para a grosseria. “Tem muitos que ainda agem desta maneira, mas para o que era antes, hoje já está muito melhor”, disse um motorista de transporte público.
O preocupante é que as grosserias as vezes são tão graves que acabam colocando em risco a vida dos passageiros. Esse foi o caso da dona de casa Maria Josefa Lima, que foi atropelada junto com a neta Gabriela Ramos, 14 anos, quando voltavam para casa, no final de novembro. De acordo com a dona de casa, o acidente aconteceu quando elas tentavam subir em um ônibus da linha Candeias/Dois Irmãos, da empresa Borborema.
O motorista teria dado partida e elas foram arrastadas por cerca de dez metros, no bairro da Imbiribeira, Recife. Josefa Lima foi socorrida no Hospital da Restauração.Ela fraturou a perna esquerda, precisou ser operada e agora necessita de uma cirurgia plástica. A neta dela foi atendida no Hospital Otávio de Freitas, onde permanece internada. A roda do veículo passou por cima do pé da adolescente. A dona de casa espera que a empresa de ônibus preste alguma assistência. “A empresa não nos procurou em momento nenhum”, reclamou. A empresa Borborema disse que se for confirmada a responsabilidade do motorista, as vítimas vão receber assistência.