O aumento das tarifas dos ônibus e vans intermunicipais, que subiram 5,7% na madrugada de ontem, pegou passageiros de surpresa. Revoltados, grupos contratários à medida começaram a convocar manifestantes para um ato na quinta-feira, através das redes sociais. Em São Gonçalo o protesto está marcado para o dia 30 na Praça Zé Garoto.
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Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia |
Moradora de Belford Roxo, a doméstica Rosilene da Silva, de 30 anos, contou que ficou decepcionada quando foi pegar o ônibus pela manhã para ir para o trabalho, na Tijuca. “Eu não sabia do aumento. Pode parecer pouco, mas faz muita diferença para mim”, disse.
A falta de informação pode acarretar em multa de R$ 2.255 para as empresas. A determinação do Ministério Público era para que, há dez dias, além da divulgação por parte do Detro, os avisos sobre o reajuste estivessem nos ônibus, guichês e pontos de vendas de passagens.
“Os indícios de que as passagens municipais também vão aumentar estão aí. O valor é inconcebível, principalmente porque não está associado à melhor prestação de serviço. Os ônibus continuam quentes e sujos na maior parte do Rio”, contou Gabriel Siqueira, representante do Fórum de Lutas contra o Aumento da Passagem.
Bilhete único
O Departamento de Transportes Rodoviários (Detro) informou que o reajuste é referente ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA. Ainda segundo o órgão, os percentuais pedidos pela Fetranspor, representante das empresas de ônibus, variavam entre 20% e 31%. Assim, a tarifa modal intermunicipal passa de R$ 2,65 para R$ 2,80. O valor do Bilhete Único acompanha o índice de 5,7%, passando de R$ 4,95 para R$5,25. Porém, o RioCard com o antigo valor será aceito até 13 de fevereiro.
O especialista em Mobilidade Urbana da Uerj, Alexandre Rojas, disse não ter dúvidas: “Fica evidente que teremos o aumento nas linhas municipais nos próximos dias.” Ele lembra que o reajuste é previsto por lei e deve ser na casa dos 10%. “A passagem vai chegar na casa dos R$ 3. Houve uma perda de receita desde então. As empresas de ônibus vão entrar na Justiça caso ocorra quebra de contrato”, diz.
A Fetranspor informou em nota que o ajuste recompõe parte do aumento de custos do setor no período, uma condição básica para a evolução dos serviços.
TCM vai decidir sobre as passagens
O prefeito Eduardo Paes já afirmou que é o Tribunal de Contas do Município (TCM) quem vai decidir sobre o aumento das passagens de ônibus. O órgão recomendou que o reajuste não aconteça até que seja concluída uma sindicância nos contratos entre as empresas e a prefeitura. A previsão é de que o relatório seja apresentado ainda este mês. No início de dezembro, Paes chegou a anunciar que haveria revisão do valor em janeiro.
Tanto a prefeitura quanto as empresas de ônibus disseram repetidas vezes que todos os documentos solicitados foram entregues ao TCM. Porém, o tribunal afirma que não teve tempo suficiente para fazer a análise e fala em obscuridade e caixa-preta.
Na Câmara dos Vereadores, os trabalhos da CPI dos Ônibus estão paralisados desde setembro, por decisão judicial, com base na falta de respeito ao princípio de proporcionalidade entre os partidos.
Informações: O Dia