Todos os dias, a recepcionista Michelle Lopes, 18 anos, vive um drama para chegar ao trabalho. De Ceilândia ao Sudoeste, são necessários dois ônibus e quase duas horas entre a espera nas paradas e o fim do trajeto. No retorno para casa, o tormento aumenta no percurso de cerca de 30 quilômetros. Cansada, a moradora do P Sul enfrenta veículos sempre lotados e desconfortáveis, oferecidos pelo sistema de transporte público do Distrito Federal.
Um estudo de linhas e de pontos de ônibus realizado pela mestre em física Mirian Mitusuko Izawa, da Universidade de Brasília (UnB), mostrou que 62% das rotas analisadas são completadas só com o apoio de transbordo. Ou seja, no Distrito Federal, em mais de 60% dos casos, para se chegar a um destino é necessário usar pelo menos dois coletivos. Segundo Mirian, apenas 31% têm acesso direto — uma linha para ligar os pontos inicial e final. Ela não avaliou o quantitativo de passageiros ou o número de linhas que passa em cada parada nem os custos de cada usuário no sistema sem integração.
A pesquisadora, que passou em concurso para o Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans) em 2009, aceitou o conselho do professor Fernando Albuquerque, que lhe orientou estudar sobre um assunto mais ligado ao cotidiano profissional. Mirian, então, decidiu olhar as idas e as vindas dos ônibus de uma forma diferente. Pacientemente, a professora buscou numa ferramenta de satélite da internet a localidade exata de cada um dos 3.438 pontos de ônibus do DF. Em seguida, cruzou a informação com as 856 linhas do transporte público brasiliense, usando a teoria de redes complexas, modelo teórico que permite analisar um sistema de elementos a partir das conexões que se formam entre eles.
Divulgada recentemente, a tese de mestrado defendida em outubro do ano passado, com base em arquivos de 2008 e de 2009 fornecidos pelo DFTrans e pesquisados no Google Earth, apresenta um mapa com todos os abrigos e os itinerários que constituem o sistema básico (com exceção dos transportes de vizinhança, conhecido como zebrinha, e o rural). Com isso, revela as regiões onde o sistema é mais denso. “Quanto maior a quantidade de arestas que ligam dois nós, maior a força dessa ligação. Quando a rota de um veículo passa por duas dessas paradas, existe uma aresta entre elas”, afirmou.
Atraso
Após um ano, Mirian elaborou um mapa explicativo sobre a densidade das linhas por região (veja mapa). Coração nervoso de Brasília, a Rodoviária do Plano Piloto conta com 333 trajetos. Apesar do formato uniforme do Plano Piloto, na Asa Sul, a oferta de linhas é maior do que na Asa Norte. Mirian acredita que a concentração está relacionada à distribuição de habitantes na região oeste do DF, onde estão localizadas cidades como Taguatinga, Gama e Ceilândia.
Assim, o Eixo Sul fica em segundo lugar no ranking de locais por onde trafegam mais ônibus. “Apesar das diversas vias possíveis para a ligação do Plano às satélites da região oeste, a maioria dos itinerários passa pela Estrada Parque Taguatinga (EPTG). Tanto o Eixo Sul quanto a EPTG são atendidos por 160 linhas diferentes”, analisou Mirian. Moradora de Ceilândia, a técnica em edificação Gardênia Costa, 38 anos, depende diariamente de um desses veículos para chegar à área central. “A concentração de ônibus engarrafa as vias e atrasa a chegada ao trabalho”, analisou a passageira, que gasta duas horas no trajeto.
Um estudo de linhas e de pontos de ônibus realizado pela mestre em física Mirian Mitusuko Izawa, da Universidade de Brasília (UnB), mostrou que 62% das rotas analisadas são completadas só com o apoio de transbordo. Ou seja, no Distrito Federal, em mais de 60% dos casos, para se chegar a um destino é necessário usar pelo menos dois coletivos. Segundo Mirian, apenas 31% têm acesso direto — uma linha para ligar os pontos inicial e final. Ela não avaliou o quantitativo de passageiros ou o número de linhas que passa em cada parada nem os custos de cada usuário no sistema sem integração.
A pesquisadora, que passou em concurso para o Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans) em 2009, aceitou o conselho do professor Fernando Albuquerque, que lhe orientou estudar sobre um assunto mais ligado ao cotidiano profissional. Mirian, então, decidiu olhar as idas e as vindas dos ônibus de uma forma diferente. Pacientemente, a professora buscou numa ferramenta de satélite da internet a localidade exata de cada um dos 3.438 pontos de ônibus do DF. Em seguida, cruzou a informação com as 856 linhas do transporte público brasiliense, usando a teoria de redes complexas, modelo teórico que permite analisar um sistema de elementos a partir das conexões que se formam entre eles.
Divulgada recentemente, a tese de mestrado defendida em outubro do ano passado, com base em arquivos de 2008 e de 2009 fornecidos pelo DFTrans e pesquisados no Google Earth, apresenta um mapa com todos os abrigos e os itinerários que constituem o sistema básico (com exceção dos transportes de vizinhança, conhecido como zebrinha, e o rural). Com isso, revela as regiões onde o sistema é mais denso. “Quanto maior a quantidade de arestas que ligam dois nós, maior a força dessa ligação. Quando a rota de um veículo passa por duas dessas paradas, existe uma aresta entre elas”, afirmou.
Atraso
Após um ano, Mirian elaborou um mapa explicativo sobre a densidade das linhas por região (veja mapa). Coração nervoso de Brasília, a Rodoviária do Plano Piloto conta com 333 trajetos. Apesar do formato uniforme do Plano Piloto, na Asa Sul, a oferta de linhas é maior do que na Asa Norte. Mirian acredita que a concentração está relacionada à distribuição de habitantes na região oeste do DF, onde estão localizadas cidades como Taguatinga, Gama e Ceilândia.
Assim, o Eixo Sul fica em segundo lugar no ranking de locais por onde trafegam mais ônibus. “Apesar das diversas vias possíveis para a ligação do Plano às satélites da região oeste, a maioria dos itinerários passa pela Estrada Parque Taguatinga (EPTG). Tanto o Eixo Sul quanto a EPTG são atendidos por 160 linhas diferentes”, analisou Mirian. Moradora de Ceilândia, a técnica em edificação Gardênia Costa, 38 anos, depende diariamente de um desses veículos para chegar à área central. “A concentração de ônibus engarrafa as vias e atrasa a chegada ao trabalho”, analisou a passageira, que gasta duas horas no trajeto.
Fonte: Correio Braziliense