Pular paradas, dirigir acima da velocidade, não esperar pelos idosos. Essas são as principais reclamações dos usuários de transportes alternativos acerca do serviço ofertado. Apesar de reconhecerem que os motoristas e cobradores de ônibus muitas vezes também desrespeitam os passageiros, principalmente no que diz respeito aos idosos, a percepção dos usuários é que essas situações são mais frequentes nos alternativos. A Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana promove desde ontem um curso de “qualidade de atendimento” para tentar sanar parte do problema.
A questão dos idosos foi a mais comentada, embora muitos ressalvassem que não é um problema exclusivo dos alternativos, mas do transporte coletivo como um todo. “Já cheguei a ver pessoas caindo na linha de alternativo que eu frequento. Eles não esperam os mais idosos sentarem, arrancam com tudo”, diz a estudante, Thaís Jaciara, de 16 anos.
“Realmente, muitos não respeitam, mas isso acontece da mesma forma nos ônibus. Não é só nos alternativos”, diz a servidora pública, Francisca Vitoriano Ferreira. Uma outra questão relacionada aos idosos é a dificuldade de fazer o alternativo parar. Quando há apenas um idoso na parada, em alguns momentos o motorista simplesmente ignora e segue o seu itinerário. “Eu nunca sofri com isso, mas a minha irmã, que é da minha idade, já foi deixada na parada do alternativo algumas vezes porque o motorista não para”, explica Adelauzi Ferreira, aposentada de 69 anos. Mais uma vez, os ônibus procedem da mesma forma em alguns casos.
Além dos idosos, o restante do público, de todas as idades, reclama da “imprevisibilidade” das rotas. Apesar de ter um rígido caminho traçado pelas ruas da cidade, os transportes alternativos em algumas vezes não respeitam a sequencia de paradas e pulam algumas ruas. “Eles pegam atalhos pra chegar mais rápido e por isso a gente espera uma vida até que algum chegue na parada que foi ignorada”, aponta Itamar Cândido, de 30 anos, e que trabalha com segurança eletrônica. Outras reclamações comuns são excesso de velocidade e desrespeito aos sinais de trânsito.
Quando o assunto passa para os números oficiais, existem diferenças. Como a Semob não dispõe de dados específicos de multas de trânsito (excesso de velocidade, ultrapassar sinal vermelho, etc), a única forma de medir o número de multas é avaliando as notificações por questão de transporte, acompanhada pelos fiscais de farda azul nas paradas de ônibus.
O maior problema verificado, tanto em 2009 quanto em 2010 até o presente momento, é o embarque e desembarque fora das paradas de alternativos. “Isso está diminuindo porque a fiscalização está em cima. Mas ao mesmo tempo é motivo de conflito com o público mais idoso, que quer entrar no carro em qualquer ponto da rua”, diz a presidente do Sindicato dos Alternativos, Maria Edileuza de Queiroz. Ela acrescenta que os problemas de relacionamento com os usuários são pontuais. “O serviço é adequado e vai melhorar com esse curso. São 40 pessoas por semana atendidas e começamos na última segunda-feira”, encerra.
Bilhetagem é ponto polêmico
Um outro ponto polêmico acerca do trabalho dos transportes alternativos é a bilhetagem eletrônica, cujo prazo inicial para ser viabilizada era setembro do ano passado, mas até agora não teve resultado. De acordo com Sílvio Medeiros, secretário-adjunto de Transportes da Semob, os aparelhos dos furgões estão em fase de testes. A nova previsão é de que até o fim do mês o sistema esteja em funcionamento.
A equipe de vistoria da Semob identificou problemas na transmissão de dados dos aparelhos eletrônicos dos veículos até o sistema da Secretaria. “O Sindicato ficou de mudar a tecnologia e logo isso aconteça faremos outra avaliação”, afirma Sílvio.
Um impasse jurídico ainda será discutido. Segundo decreto municipal, até mesmo os veículos cadastrados, mas que não estão operando precisam instalar o sistema. “Faremos reunião para discutir o problema”, afirma Sílvio. Atualmente, são 122 veículos em operação e cerca de 50 parados, ainda de acordo com o secretário-adjunto.
Fonte: Tribuna do Norte