A greve dos motoristas e cobradores que trabalham nas empresas do transporte público de Curitiba e região metropolitana deixou a cidade sem ônibus na manhã desta terça-feira (14). O mínimo de 30% da frota em circulação não está sendo cumprido. Também é difícil conseguir táxi nesta manhã e o trânsito é caótico no centro e outras regiões da capital.
Em locais por onde passam diversas linhas como na Praça Rui Barbosa, Terminal Guadalupe, Avenida Cândido de Abreu, Presidente Affonso Camargo e Marechal Deodoro, passageiros aguardavam os ônibus, mas nenhum coletivo realizava o transporte.
A greve afeta 2,3 milhões de usuários do transporte coletivo em Curitiba e região metropolitana, de acordo com a Urbanização de Curitiba S.A. (Urbs).
Relatos de internautas contam que os principais terminais da cidade estão vazios, inclusive com as lojas fechadas. O comércio central também é afetado, há inclusive grandes lojas de departamentos (como Pernambucanas e Americanas) fechadas.
Segundo o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), há piquetes nas garagens impedindo os ônibus de saírem das ruas, o que faz com que o mínimo de 30% da frota circulando não seja cumprido.
As empresas de ônibus são responsáveis pela organização das tabelas de ônibus e devem gerir o número de veículos para que se possa cumprir a liminar que determina que 80% dos ônibus circulem nos horários de pico. O Sindicato das Empresas de Transporte Urbano e Metropolitano de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) afirmou que os piquetes impedem que os ônibus circulem. Funcionários eram impedidos de entrar para trabalhar e pneus de alguns veículos foram esvaziados.
O Setransp informou que pediu auxílio da Polícia Militar para conseguir colocar os ônibus nas ruas e enviou um ofício ao secretário de Estado da Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César. Até as 12h30, não havia nenhum veículo do transporte coletivo trafegando em Curitiba e RMC, de acordo com o sindicato das empresas de ônibus.
O reforço policial foi autorizado na liminar pela juíza substituta Patrícia de Fúcio Lages de Lima, da 11ª Vara Cível.
A assessoria da Polícia Militar não confirmava, por volta das 11h10, que houve o pedido do Setransp. A Sesp informou, por meio da assessoria de imprensa, que não tinha conhecimento do ofício do Setransp, por volta das 11h40.
O presidente do Sindimoc, Anderson Teixeira, afirmou que a entidade tentará derrubar a liminar conseguida pela Urbs na Justiça. Segundo ele, a Urbs e o sindicato patronal não informaram qual é a frota de veículos e por isso haverá dificuldades em cumprir os números determinados pela liminar. O sindicato já foi comunicado da decisão judicial.
A entidade representativa dos trabalhadores disse ainda iria encaminhar um ofício à Urbs solicitando informações sobre a frota de ônibus.
A assessoria de imprensa da Urbs salientou que informações sobre o quantitativo da frota já estavam presentes no texto da liminar. A Urbs informou à imprensa que Rede Integrada de Transporte é composta por 1.915 ônibus.
De acordo com o Sindimoc, os moradores da região metropolitana também não têm transporte coletivo nesta terça-feira. Os ônibus não saíram das garagens nesta manhã. A paralisação afeta as linhas da Rede Integrada de Transporte – que ligam municípios da RMC a Curitiba – e também as linhas que trafegam somente dentro das cidades.
Funcionários em greve da empresa de ônibus Glória, no bairros Boa Vista, em Curitiba, disseram à reportagem da Gazeta do Povo que a paralisação continua e que não irão cumprir a determinação judicial.
TáxiO curitibano enfrenta dificuldade de conseguir pegar táxis. No início da manhã desta terça-feira, as principais empresas de rádio táxi da cidade estavam com as linhas telefônicas congestionadas. Os pontos estavam lotados no centro da cidade.
Nas canaletas dos biarticulados, o trânsito foi liberado para os taxistas, já que a situação do tráfego na capital é caótica.
TrânsitoA falta de ônibus e a dificuldade para conseguir um táxi causaram reflexos no trânsito de Curitiba. Muitos moradores da capital e da RMC tiveram de tirar os veículos da garagem para ir ao trabalho ou levar alguém da família. O mau tempo complicava ainda mais a situação.
A Rua Guilherme Pugsley (via rápida bairro-Centro) estava congestionada e os motoristas trafegam a 20 quilômetros por hora, por volta das 8h20. Havia lentidão na Avenida do Batel, Rua Doutor Pedrosa, Avenida Marechal Floriano Peixoto, Avenida das Torres, Salgado Filho, Brigadeiro Franco, Conselheiro Laurindo, entre outras vias. Outro ponto complicado era a Linha Verde.
É preciso ter atenção ao cruzar as caneletas dos ônibus biarticulado, pois havia registro de infrações de trânsito nesta manhã. Alguns motoristas foram vistos trafegando pela via exclusiva dos ônibus na Avenida Marechal Floriano.
A Secretaria Municipal de Trânsito informou, por volta das 10h10, que todos os agentes do turno da manhã estavam nas ruas para organizar o tráfego e fiscalizar as infrações de trânsito.
Quem trafegava no Rebouças encontrava semáforos desligados no cruzamento das ruas Brasílio Itiberê e Francisco Nunes. A prefeitura de Curitiba informou, por volta das 10h05, que os equipamentos tiveram problemas técnicos. Agentes da Setran orientavam o trânsito.
Transporte particularAlguns proprietários de veículos ofereciam o serviço de transporte particular nesta manhã. Um deles era Antônio Gonçalves, 61 anos, proprietário de uma gráfica. Com um megafone, ele anunciava que faria o trajeto da Praça Rui Barbosa até o Terminal da Fazendinha ao custo de R$ 5 por pessoa. “Não preciso do dinheiro. Faço para ajudar quem não tem transporte”, alegou Gonçalves.
A Urbs informou, às 9h30, que ninguém tinha autorização para oferecer transporte particular. Quem for flagrado, pode ser multado.
Alguns motoristas aguardavam a autorização para o transporte particular na sede da Urbs, na Rodoferroviária de Curitiba, nesta manhã. A assessoria de imprensa da Urbs reforçou, por volta das 10 horas, que ainda não estudava adotar essa medida.
Greve
Os motoristas e cobradores iniciaram a greve por tempo indeterminado às duas horas da manhã desta terça-feira (14). Após negociações com o sindicato patronal, os funcionários recusaram, em assembleia realizada na Praça Rui Barbosa na noite de segunda-feira (13), a proposta do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano e Metropolitano de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp). A estimativa do sindicato é que mais de três mil pessoas tenham comparecido à assembleia desta segunda-feira.
De acordo com o presidente do Sindimoc, Anderson Teixeira, o sindicato patronal que representa a categoria apresentou uma proposta de 7% de aumento total – aproximadamente 1,37% acima das perdas da inflação. Os trabalhadores exigem 40% de aumento. “Essa proposta de 7% é uma vergonha”, classifica Teixeira. Ele garante que a categoria não vai aceitar um reajuste abaixo de 10,3%, valor que, segundo o Sindimoc, foi negociado com os metalúrgicos no estado.
A expectativa é que apenas 30% dos cerca de 1,2 mil ônibus de Curitiba e RMC (360 veículos) circulassem pela cidade, mas o o próprio sindicato já havia sinalizado com a possibilidade de o número não ser cumprido. “Infelizmente não sabemos se será possível respeitar os 30% [de veículos nas ruas] porque não sabemos quanto isso representa”, diz Teixeira. Segundo ele, foi solicitado à Urbanização de Curitiba S.A. (Urbs) o valor exato da frota da capital, mas os números não foram passados.
Segundo o Sindimoc, os trabalhadores foram para os portões das 30 empresas responsáveis pelos coletivos da capital para evitar que os ônibus deixem as garagens. O presidente ainda pediu que o movimento seja pacífico, sem vandalismo e garantiu que continua em negociação com o sindicato patronal.
Além do aumento salarial, os trabalhadores apresentaram uma pauta com mais de 50 reivindicações. Entre as principais estão o reajuste de 18% no vale-alimentação e a mudança da escala de sete dias de trabalho com um de folga para seis de trabalho e um de descanso. O Sindimoc alega que “a categoria é a única que tem uma semana de oito dias”. Eles ainda exigem melhorias nas condições de trabalho, aumento da verba para saúde e treinamentos para os funcionários.
Nesta segunda-feira, os funcionários se reuniram com representantes da Setransp, mas não chegaram a um acordo. Segundo a assessoria de imprensa do sindicato patronal, não há possibilidade de apresentar uma proposta de aumento real. Os patrões ainda afirmaram que, a pedido do Sindimoc, não poderiam fornecer maiores detalhes sobre as negociações.
Fonte: Gazeta do Povo