Após quase onze anos em construção e das recentes promessas do secretário de Transportes e Infraestrutura (Setin), Euvaldo Jorge, de que o metrô de Salvador irá ser inaugurado, o prefeito João Henrique (PMDB) admitiu ontem, em entrevista à rádio CBN que, caso o governo federal não disponibilize subsídios para ajudar a custear a tarifa, o equipamento, cuja última previsão para entrar em funcionamento era no primeiro semestre de 2011, pode continuar sem servir à população.
O Metrô está em fase de testes finais para começar a funcionar, mas ainda não há quem opere o sistema. De acordo com João Henrique, como o trecho que os trens percorrerão é considerado muito pequeno, as empresas do ramo não têm despertado interesse em administrar o sistema de transporte. “Não é muito atraente para as empresas privadas. Se o governo federal assumir o subsidio, ao menos por um tempo, poderemos começar a operar os seis quilômetros até que acabemos os outros seis. Nenhuma empresa internacional vai querer operar apenas seis quilômetros”. Como a União ainda não manifestou intenção de dar a ajuda mencionada pelo prefeito, a tendência é que os equipamentos continuem vulneráveis à ação do tempo. Em outra entrevista concedida ontem, o prefeito destacou que quando chegou “à (Prefeitura) só tinha 25% das obras (do Metrô) concluídas e hoje temos 100%. O presidente Lula foi muito atencioso com essa questão”, avaliou.
Ao tomar conhecimento das declarações de João, o deputado federal e senador eleito Walter Pinheiro disse lamentar o fato de só agora o alcaide reconhecer a possibilidade de o metrô permanecer inoperante por falta de recursos financeiros. Sobre as declarações do prefeito, de que depende de subsídio da União para pôr o metrô em funcionamento, Pinheiro disparou: “Não existe isso. Não há isso em lugar nenhum. Precisamos de uma discussão responsável sobre o metrô”.
Pinheiro disse ainda que já tentou conversar com o prefeito para buscar uma saída para o problema, inclusive com a proposta de deixar a incumbência com o Estado. “Nenhum metrô de seis quilômetros vai funcionar. Ligar nada a lugar nenhum”, ironizou. “Cada ano muda o motivo. Agora não vai botar para rodar porque a tarifa é impraticável”. Pinheiro propõe que o atual trecho seja integrado com uma nova estação a ser construída na Avenida Paralela sob obra viária para a Copa do Mundo.