Coletivos vão rodar na próxima terça- feira com velocidade de 40 Km/h e, com no máximo, 72 passageirosEm duas assembleias realizadas ontem (de manhã e à tarde) na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários do Estado (Sintro), motoristas de ônibus, fiscais e cobradores de Fortaleza decidiram entrar em greve a partir da próxima terça-feira.
Os trabalhadores querem aumento salarial de 45,37%, mas o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Ceará (Sindiônibus) oferece 5,5%. A proposta frustrou os representantes do Sintro. "Estamos reivindicando apenas as perdas salariais de 12 anos e esse reajuste proposto pelo empresariado é piada", desabafa o integrante da diretoria do entidade, Antônio de Oliveira.
Motoristas, cobradores e fiscais, que lotaram completamente o auditório do Sindicato, no Centro da cidade, prometem "usar a lei", ou seja, rodar com velocidade de 40 quilômetros por hora, evitar qualquer tipo de ultrapassagem e levar, em cada viagem, apenas o limite permitido de passageiros, que é de 72, sendo 44 sentados e 18 em pé.
Em suma, a decisão representa uma operação tartaruga amparada na própria legislação, que determina uma velocidade que oscila entre 40 e 60 quilômetros para os coletivos.
Na próxima segunda-feira, os trabalhadores realizarão mais duas assembleias - de manhã e à tarde - para definirem as estratégias que adotarão durante o movimento. O advogado do Sintro, Fernando Castelo Branco, assegura que o movimento cumprirá todas as determinações da Justiça. "A greve será dentro da lei".
O presidente da Comissão de Negociação Intersindical do Sindiônibus, Frederico Lopes, disse que o sindicato já cedeu em tudo o que podia e que não tem acordo com relação ao reajuste salarial reivindicado pelo Sintro.
O transporte público é considerado por lei como serviço essencial e, por esta razão, se houver mesmo a greve, outra questão polêmica é o percentual da frota que circulará no horário de pico e no normal. O patronato quer 80% das 6h30 às 9 horas e das 17 horas às 20 horas.
O presidente do Tribunal Regional do Trabalho - 7ª Região, desembargador José Antonio Parente, manteve a decisão de que a frota de ônibus seja 70% e 50%, no início da manhã e fim da tarde, nos horários de pico.O Ministério Público do Trabalho (MPT), por sua vez, propõe 60% e 40%, com o horário de pico das 6h30 às 8 horas e das 17 horas às 18h30.
O Sintro entregou proposta ao procurador chefe do Trabalho, Francisco Gerson Marques, com a proporção de 50% da frota total nos horários de pico e 30% em horário comum.Já o Sindîônibus questiona o percentual máximo da frota. Segundo o advogado do sindicato, Cleto Gomes, não se pode impedir os funcionários (motoristas, trocadores e fiscais) que desejem trabalhar o façam.
TRANSPORTE PÚBLICO
Paralisação começa na terça-feira
Na primeira assembleia da categoria, realizada na manhã de ontem, motoristas, cobradores e fiscais de ônibus de Fortaleza decidiram decretar greve. Para cumprir a lei, eles anunciaram a paralisação das atividades, mas só podem cruzar os braços no prazo de 72 horas, a partir de aviso publicado, hoje, nos principais jornais da cidade.
"A não ser que, em razão do feriado, a gente só consiga a publicação no sábado", informa a advogada do Sintro, Eliana Lúcia Ferreira. Por conta disso, acrescenta, a greve só deve se iniciar a partir da zero hora da terça-feira. Até lá, diz ela, a categoria está em estado de greve.
Além do anúncio da paralisação, a categoria também publicará uma carta aberta à população explicando os motivos da greve. "Vamos entregar essa carta nos terminais rodoviários e nas empresas de ônibus. Queremos o apoio da população de Fortaleza", diz o presidente da entidade, Domingo Neto.
Ofícios com a decretação da greve serão encaminhados ao Sindiônibus, Etufor, Ministério Público do Trabalho (MPT), Tribunal Regional do Trabalho (TRT), Assembleia Legislativa do Estado e Câmara Municipal.A decisão pela greve foi tomada em duas assembleias, realizadas às 9 horas e às 16 horas, na sede do Sintro, que ficou pequena com a presença maciça dos trabalhadores.
"Exigimos respeito do patronato e a garantia de nossos direitos. Para isso, vamos cumprir à lei", afirmou ele.A categoria também votou pela instalação de assembleia permanente. O que significa que eles podem voltar a deliberar sobre alguma alteração no rumo das negociações a qualquer momento, sem a necessidade de publicar edital.
"Devemos nos reunir, pela última vez, na próxima segunda-feira, às 9 horas. Mas só se os patrões avançarem em suas propostas", ressaltou o presidente do Sintro, ontem de manhã.