Os ônibus que ligam a Estação Butantã do Metrô à Cidade Universitária, no mesmo bairro, na zona Oeste da capital, estão entre os mais cheios da metrópole. Diariamente, cada veículo das Linhas 8012-10 e 8022-10 (Metrô Butantã-Cidade Universitária) transporta 1.458 e 1.361 passageiros, respectivamente. A lotação representa quase o dobro de usuários se comparada com a média de 800 passageiros por ônibus de toda a cidade, segundo dados da São Paulo Transporte (SPTrans). As duas linhas, operadas por 18 ônibus, são tão lotadas que alguns veículos chegam a transportar diariamente até 1.700 passageiros - a maioria de estudantes da Universidade de São Paulo (USP). Tanto aperto provoca reações. Além da lotação, as filas e a demora entre um carro e outro são as principais queixas.
"Às vezes o ônibus não para, porque tem gente demais. Quando o outro passa, você vai socada", diz a estudante Gabriela Talpo, de 22 anos, do 4.º ano de Geografia. Ela tem problemas no horário de pico noturno, a partir das 22h30. Como alternativa, anda dez minutos até o ponto da Biologia, onde embarca no coletivo vazio. Às vezes, caminha 20 minutos até a estação. "O tempo que demora para passar um circular é o que se leva até o metrô." Aluno do 1.º ano de Jornalismo, William Nunes Luz, de 18 anos, também reclama da dificuldade para embarcar à noite. "É pouco circular para muita gente. Uma vez esperei passar três circulares lotados. Voltei para o ponto anterior para poder entrar e, mesmo assim, fui empacotado. É aterrorizante", diz.
A extinção das 701U-10 (Jaçanã-Butantã) e 724A-10 (Aclimação-Cidade Universitária) e a alteração da Linha 177P-10 (Santana-Butantã/USP), que agora faz ponto final no metrô, intensificam as reclamações. Além disso, as Linhas 107P-10 (Mandaqui-Pinheiros) e 107T-10 (Tucuruvi-Butantã) foram unificadas na 107T-10 (Metrô Tucuruvi-Pinheiros), que também passou a ir até o metrô.
"As linhas iam para a zona norte, mas também davam acesso aos eixos das Avenidas Paulista e Doutor Arnaldo", diz Thales Carpi, diretor do Diretório Central dos Estudantes (DCE). A percepção é de que sobraram poucas alternativas ao Terminal Butantã, saturando ainda mais os ônibus que servem à USP. O DCE cobra melhorias da USP. A prefeitura do câmpus argumenta que, embora comunique as reclamações à SPTrans, as linhas "têm sua programação própria sem qualquer ingerência da USP". Um documento foi encaminhado à prefeitura do câmpus e à empresa, em dezembro do ano passado, com 5 mil assinaturas, contra as mudanças. A SPTrans informou que fará um estudo sobre o problema e que não descarta aumentar o número de carros nas linhas.
Diante do número de passageiros, o consultor de trânsito Horácio Augusto Figueira apresenta sugestões. "Tem de aumentar o número de carros ou colocar um articulado no pico." A empresa informou que a demanda cresceu entre 20% e 25% no começo deste ano. A superlotação seria explicada pelo aumento sazonal do número de estudantes. A expectativa é de que o número caia a partir deste mês, quando há desistências. Além do bilhete único, as duas linhas aceitam o bilhete USP, de uso gratuito dos estudantes. Com o Busp, a circulação de ônibus no câmpus em dias úteis foi de 48 para 50 por hora nos picos.