Finda ano, entra ano, e as reclamações da população em torno do sistema de transporte público da capital se repetem: demora nos terminais, veículos lotados, necessidade de novas linhas e o alto valor da tarifa. Insatisfação é o que não falta, mas segundo o presidente da Agência de Trânsito, Transporte e Mobilidade (ATTM), Sílvio Portilho, o poder público está “esforçando-se ao máximo para conseguir atender todas as reclamações”.
Mas além dessas já conhecidas reclamações, uma outra está chegando nos ouvidos das autoridades. A pressa dos motoristas para cumprir os horários estabelecidos pela empresa e pela prefeitura vem gerando problemas para quem utiliza o sistema: estressados, os motoristas acabam maltratando os passageiros. Os maus tratos denunciados ao jornal O GIRASSOL vão desde ao não atendimento da solicitação de parada nos pontos, a xingamentos.
“Sempre vejo coisas absurdas. Eles andam muito rápido e perdem a paciência facilmente. Não sei para que tanta pressa!”, reclama Gleyda Miranda, que utiliza o transporte público diariamente.
O motivo para tanta correria, segundo os motoristas é o BDO – Boletim Diário de Ocorrência. “Se atrasarmos três minutos somos cobrados e recebemos uma advertência. O fiscal chega a entrar no ônibus para chamar nossa atenção na frente dos passageiros”, disse um motorista da empresa Miracema que preferiu não se identificar.
Os motoristas contam que sofrem uma grande “pressão”, e que por isso, é quase impossível – nos horários de pico – não pular alguns pontos. “A gente acaba perdendo a paciência com alguns passageiros. As escalas são péssimas e o salário é ruim”, desabafa outro.
Silvio Portilho diz que o tempo estabelecido para fazer o percurso de uma estação à outra é fruto de um estudo detalhado e minucioso. “Nós não abrimos mão do motorista cumprir os horários, pois se um ônibus atrasa, os passageiros serão afetados e eles são nossa prioridade”, declara o presidente da ATTM.
O presidente do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores de Transporte Rodoviário e Operadores de Máquinas do Estado do Tocantins (Sintromet), Antonio Carlos, conta que após a mudança do sistema, os motoristas tiveram que assumir várias funções, o que acabou sobrecarregando-os. “Não tem como não se estressar, depois de assumir a função de cobrador eles têm que verificar o cartão e auxiliar os deficientes físicos por apenas R$ 16,27 por mês. Muitos motoristas estão adoecendo com tanto desgaste”, indigna-se Antonio, que também reclama das péssimas condições de trabalho: “Não tem um banheiro e nem um lugar descente para se beber água”, completa. Esta previsto para este ano, a criação de um quiosque com banheiros e lanchonete na estação Javaé, que será administrado pelo sindicato.
Sobre o acumulo de funções, Sílvio diz que “nada está em experimentação”, e que esse modelo de sistema já funcionava em Curitiba (PR). “Nada foi inventado. Isso já existe e é normal que seja assim”, arremata.
fonte: O Girassol
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