Ocupando duas faixas da pista, os tratores e caminhões faziam, desde cedo, o serviço de retirada da camada de asfalto que fica bem ao lado da ciclovia central da avenida. No lugar, de acordo com o secretário Municipal de Saneamento, Ivan Santos, será implantada uma nova camada de concreto por onde deverão passar os ônibus do BRT. “Iniciamos a retirada da camada de asfalto para serem colocadas placas de concreto rígido que é por onde passará o sistema de transporte do BRT”.
Segundo ele, são essas placas de concreto que possibilitarão que os passageiros desembarquem dos ônibus do sistema BRT no mesmo nível das paradas. “Apenas nos cruzamentos haverá um rebaixamento onde o ônibus fará uma pequena decida e depois, ao final do cruzamento, fará a subidinha novamente”.
Ivan Santos ressalta que essa fase das obras também servirá para alterar a grade que, hoje, faz a proteção da ciclovia da avenida Almirante Barroso. “No lado direito do sistema de ciclovia, vamos tirar a grade para colocar um mais adequado para quando estiver implantado o sistema do BRT”.
CICLOVIA
Com isso, segundo o secretário, durante a substituição da grade, os ciclistas poderão trafegar pela ciclovia apenas pelo lado esquerdo - tomando como referência o sentido Entroncamento/São Brás - que funcionará, temporariamente, como uma faixa de sentido único da ciclovia. “A ciclovia funcionará, quando pronta, como um sistema único de ida e volta passando por trás das estações e paradas, por isso, terá um formato sinuoso (que faz curvas)”.
O secretário informou, ainda, que a previsão é de que essa fase da obra seja concluída no prazo de três meses. “Vamos trabalhar de forma mais enérgica para deixar pronto no período de 90 dias”, disse. “Daqui pra frente o trabalho está mais acelerado”.
Sobrou também para os clandestinos
Além dos operários, homens da Guarda Municipal de Belém e agentes da Companhia de Transporte do Município de Belém (CTBel) também atuavam no local por onde foi iniciada mais essa fase da obra. Para tentar diminuir os inevitáveis transtornos causados ao trânsito em decorrência do estreitamento da pista, o coordenador de operações de trânsito da CTBel, Isaías Reis, informou que estava proibida a circulação de vans e microônibus que fazem o transporte alternativo clandestino e de caminhões com mais de 3,5 toneladas. “Seis fiscais de transporte vão permanecer aqui durante o período de realização da obra. Vamos coibir o tráfego de caminhões e intensificar a fiscalização ao transporte clandestino para que não circule nenhum durante a obra”.
Segundo Isaías, a medida pretende diminuir o trânsito de veículos no local e, consequentemente, aliviar o engarrafamento, já que, segundo ele, não haverá alterações nas linhas de ônibus convencionais. “Não vamos modificar as linhas de ônibus, então, sugerimos que os motoristas de veículos particulares utilizem as vias alternativas como a João Paulo II, Pedro Álvares Cabral e a Centenário, para quem vem da Augusto Montenegro. Para quem vier da Cidade Nova, sugerimos que utilize a avenida Independência”.
Apesar da apreensão de seis veículos de transporte alternativo ainda no início da manhã, o engarrafamento percebido na rodovia BR-316 era fora do comum. Na entrada do túnel do Entroncamento, além das filas de ônibus e carros, era possível acompanhar uma extensa fila de motos, que não conseguiam transitar nem pelos estreitos corredores. Na hora de maior sufoco, a dificuldade em transitar afetou também uma ambulância que vinha do município de Paragominas. “Eu levei uma hora para andar oito quilômetros. Está péssimo (o trânsito) desde a BR. Não tem como dar espaço pra ninguém passar”, esclareceu Ademir Júnior, motorista de um caminhão que também ficou preso no engarrafamento.
Teve gente que preferiu ir andando
Nos ônibus, além da grande quantidade de passageiros que se espremiam nos corredores, os motoristas temiam pelo atraso na corrida devido a lentidão extrema. “Tá caótico, já estou dez minutos atrasado”, disse o motorista José Júnior, que trabalha para uma linha de ônibus que faz o transporte de Icoaraci a São Brás. “Isso aqui ainda vai piorar muito porque eles querem começar tudo junto (as obras)”.
Nas paradas de ônibus, a espera pelo transporte também era grande. Com o engarrafamento atípico, os ônibus demoravam mais do que o normal para chegar até as paradas. “Fazer o quê? A gente tem que enfrentar”, convencia-se o autônomo Roberto Assis. “A pessoa que sai de Ananindeua pra chegar no Ver-o-Peso vai ter que sair 5h30 de casa pra chegar no trabalho no horário”.
Fora do comum também era o fluxo de pessoas que seguiam a pé desde a entrada do túnel. Preocupada com o atraso que já chegava aos 30 minutos, a empregada doméstica, Kátia Regina, preferiu fazer o trajeto do Entroncamento até a Almirante Barroso andando. “Eu desci no shopping e vim a pé porque não tem condições”, disse ofegante e sem parar com destino ao trabalho que fica em frente à sede da Tuna Luso Brasileira. “Ou esse negócio (BRT) melhora, ou piora de vez”.
Fonte: Diário do Pará
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