Três em cada 10 linhas de ônibus em São Paulo podem ser substituídas ou ter o trajeto encurtado durante a gestão do prefeito Fernando Haddad (PT). A reorganização afeta linhas "estruturais", aquelas que percorrem as principais vias e longas distâncias pela cidade. Agora, passageiros de ônibus substituídos precisarão pegar linhas até terminais, onde precisarão mudar de veículo antes de chegar ao Centro ou até outras regiões.
O objetivo é aumentar a velocidade nos corredores, evitar sobreposição de linhas e oferecer confiança e previsibilidade no sistema de ônibus para que ele seja alternativa aos motoristas e ajude a diminuir o congestionamento (em julho, a capital alcançou 300 km de filas recorde histórico).
No sábado (26), 43 linhas foram alteradas na Zona Leste. Antes, mudanças já tinham sido realizadas na Zona Sul. Desde o início da gestão Haddad, mais de 120 foram alteradas. A SPTrans, empresa que administra o serviço de ônibus na cidade, diz que pretende reduzir de 1.305 linhas para cerca de 900.
Estudos da SPTrans apontam que linhas locais, que atuam dentro nos bairros, sofrerão menos modificações. A administração diz ainda que nenhuma linha será cortada sem uma substituta com intervalo menor que dez minutos.
Segundo a diretora de planejamento da SPTrans, Ana Odila de Souza Paiva, o atual desenho de linhas da cidade é anterior à criação do Bilhete Único, em 2004. Antes disso, as comunidades se juntavam para pedir a criação de linhas de ônibus que ligassem seus bairros diretamente ao Centro. O Bilhete Único, que veio depois, muda essa lógica, pois permite quatro integrações em um período de três horas.
Integração em terminais
O desafio da SPTrans é fazer que essas integrações aconteçam de forma rápida, sem que seja necessário esperar nos pontos. Em mudanças já realizadas na Zona Leste, passageiros já cobram maior agilidade na estação de transferência Itaquera e nos terminais Carrão, São Mateus e Cidade Tiradentes.
Haddad tem como meta construir 150 km de corredores de ônibus e 14 novos terminais até 2016, o que amplia a possibilidade de integrações entre as linhas locais e a estruturais. Outra parte deste processo é a criação de faixas exclusivas de ônibus. Neste ano, a gestão entregou 243,4 km de faixas exclusivas.
Ana Odila explica que os estudos da SPTrans apontam que os trajetos mais curtos e as vias menos congestionadas permitem que os ônibus voltem mais rapidamente ao ponto de início da linha e realizem mais partidas. Isso poderá também ter reflexo no conforto dos passageiros, diminuindo a lotação dos veículos, segundo a administração municipal.
Foco na Zona Leste
A Prefeitura aproveitou o descredenciamento da empresa Itaquera-Brasil, que atuava na Zona Leste, para dar um novo passo no redesenho das linhas. Os 43 itinerários que foram modificados no sábado na Zona Leste se somam a outras 80 que já haviam sido alteradas em outras regiões.
A SPTrans anunciou inicialmente que 45 linhas sofreriam modificações. Mas duas delas continuarão exisitindo por enquanto. São elas: 3539/10 Cidade Tiradentes - Term. Pq. Dom Pedro II e 312N/10 Terminal Cidade Tiradentes – São Miguel Paulista.
Mudança de eixo
A SPTrans reconhece que as mudanças enfrentam resistência. O principal motivo é mesmo a necessidade de integrações.
Por exemplo, quem antes usava a linha 3750-10 Conjunto José Bonifácio, em Itaquera, até o Metrô Belém, agora precisa pegar a linha 4007-10 Cohab Juscelino e ir até o Terminal Vila Carrão. De lá, para chegar até o destino tem como opção pegar a linha 407R-10 Terminal Vila Carrão – Metrô Belém.
Informações: G1 São Paulo
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