Paralisados desde a manhã desta segunda-feira, motoristas, fiscais e cobradores de ônibus da capital pernambucana exigem reajuste de 10% no salário, e um aumento no vale refeição de R$ 171 para R$ 320 para voltar a trabalhar. Em uma audiência realizada na tarde desta terça no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), funcionários e empresas não entraram em um consenso sobre os valores do reajuste. Sem definição, os empregados decidiram manter a greve.
De acordo com o vice presidente do TRT, Pedro Paulo Nóbrega, os empresários ainda não cederam às exigências dos grevistas, e o dissídio coletivo não havia sido instaurado.
Nesta terça, as cenas da ontem voltaram a se repetir nas ruas da região metropolitana da cidade: os poucos coletivos que circularam estavam superlotados, com gente pendurada até nas portas. Muitos trabalhadores desistiram de embarcar, diante do empurra-empurra.
A empregada doméstica Josivânia dos Santos deixou passar cinco ônibus para embarcar do terminal integrado da Macaxeira, na Zona Norte de Pernambuco, para o trabalho, em Boa Viagem, na Zona Sul. Ela disse que não conseguiu viajar antes, com medo de cair e ser pisoteada.
Nas ruas do centro da capital, avenidas normalmente movimentadas permaneceram desertas no fim da manhã de hoje. Na Avenida Agamenon Magalhães, um dos principais corredores de Recife, os motoristas pararam os coletivos em fila dupla, o que provocou congestionamentos por um longo período na manhã.
O Consórcio Grande Recife de Transportes informou nesta terça-feira que 47 ônibus foram depredados durante a greve. Os ônibus que circulam na região metropolitana somam três mil, perfazendo total de 390 linhas e 26 mil viagens diárias. Segundo o Consórcio, à exceção do coletivo que foi incendiado na segunda, todos os outros já sofreram reparos: a maior parte teve pneus rasgados e para brisas ou janelas de vidro quebrados com pauladas e pedradas.
A greve afeta cerca de 2 milhões de pessoas e até a manhã desta terça-feira dez coletivos já haviam sido depredados por passageiros revoltados com a paralisação. Um dos ônibus, da empresa Vera Cruz, chegou a ser incendiado no terminal do bairro do Barro, a dez quilômetros do centro.
Por Letícia Lins
Informações: http://oglobo.globo.com