Os ciclistas de Curitiba ganharam um espaço oficial para discussão de políticas públicas voltadas à mobilidade urbana e à bicicleta. Depois de um breve encontro com militantes da Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu (CicloIguaçu), anteontem, o prefeito Luciano Ducci (PSB) determinou a criação de uma câmara técnica para debater ações de suporte à mobilidade e segurança dos ciclistas na capital.
Aprovada na reunião do Conselho da Cidade de Curitiba (Concitiba), na manhã de ontem, a Câmara Técnica de Mobilidade será um instrumento de auxílio na elaboração e execução do Plano Cicloviário de Curitiba, que prevê a ampliação da rede de ciclovias da capital e a recuperação da malha atual, que tem 120 quilômetros. Representantes da prefeitura, militantes, professores e sociedade civil participarão da câmara.
De acordo com o supervisor de planejamento do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Ricardo Bindo, a Câmara de Mobilidade vai avaliar o Plano Cicloviário e decidir, em conjunto, as ações a serem implementadas. “O plano é um conjunto de medidas e intenções da prefeitura para melhorar o espaço deste que é um veículo de transporte”, diz.
A prefeitura de Curitiba também anunciou a instalação de paraciclos nas Ruas das Cidadanias e nos Terminais de Ônibus, além de um levantamento da real situação da malha de ciclovias existente na cidade. “A proposta é avaliar a qualidade, melhorar a sinalização e criar um plano de incentivo ao uso da bicicleta e conscientização os motoristas”, afirma Bindo.
Outra orientação de Ducci é a inclusão da bicicleta no projeto de revitalização da Avenida Cândido de Abreu, no Centro Cívico. Atualmente, a prefeitura está implantando 42,5 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas na Linha Verde, na Avenida Vereador Toaldo Túlio, na Mario Tourinho, na Fredolin Wolf e na Marechal Floriano Peixoto.
Comemoração
Os militantes do ciclismo em Curitiba comemoram a criação de um espaço oficial de debate sobre o meio de transporte mais utilizado do país. Dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares mostram que o Brasil é o 3.º maior produtor e o 5.º maior consumidor de bicicletas do mundo, com 5,7 milhões de unidades produzidas e vendidas no ano passado.
Na opinião do presidente da União dos Ciclistas do Brasil, Antonio Miranda, que esteve na reunião com o prefeito Ducci, a Câmara Técnica de Mobilidade é uma oportunidade. “Tentaremos mostrar a importância de mudar a postura em relação à bicicleta em Curitiba. Queremos que os espaços para ela sejam incorporados aos conjuntos de obras que estão saindo pela cidade”, defende.
O advogado Henrique Ressel, um dos coordenadores do Voto Livre – ONG que está coletando assinaturas para apresentar um projeto de iniciativa popular que prevê a destinação de 5% da malha viária local para a construção de ciclovias e ciclofaixas –, também se animou com a criação da Câmara Técnica.
Entretanto, para Ressel, existe o risco de tudo não passar de promessa. “É bom que seja aberto um canal de diálogo, mas existe o risco de que isso não se transforme em ações. O dialogo é bom, mas são necessárias medidas rápidas para solucionar o problema da mobilidade e da bicicleta”, explica. Segundo o advogado, já foram recolhidas 7 mil assinaturas. Para apresentar o projeto, são necessárias 65 mil assinaturas, o equivalente a 5% do eleitorado curitibano.