O funcionamento do transporte público em Angra dos Reis tem estado em discussão nos últimos dias no município. Populares elogiam o preço da passagem fixada em um real para os moradores da cidade. Porém, com a diminuição no valor, um número maior de pessoas estaria utilizando os serviços. Para profissionais do setor rodoviário e usuários, muitas medidas precisam ser implementadas para que o cidadão angrense desfrute de um sistema de transporte público de mais qualidade.
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Foto: Leonardo Vieira |
Segundo o presidente do Sindicato dos Rodoviários de Angra dos Reis, Marcelo Barbosa a busca por melhorias das condições de trabalho dos condutores de transporte público em Angra dos Reis foi motivo para a realização de uma paralisação no dia 30 de janeiro deste ano.
Dentre as reivindicações estava a criação de um espaço no Centro para que os rodoviários pudessem estacionar os veículos sem sofreram a pena de serem multados.
Na ocasião ficou definido pela prefeitura a permissão para que os coletivos fosse estacionados em frente ao Cais de Santa Luzia, para que os funcionários pudessem utilizar o banheiro público. Também ficou acordado que os ônibus podem ficar parados sobre a ciclovia do São Bento e em frente à Santa Casa de Angra. A medida tinha como prazo o final do mês de fevereiro.
De acordo com Barbosa, no decorrer da semana foi aprovado pelo município o investimento na localidade para a realização de obras de urbanização e a permanência do aval para o estacionamento dos coletivos por um período de 36 meses.
- Esta solução agradou muito ao sindicato. Pelo projeto será construído um grande estacionamento que irá beneficiar a população de maneira geral e os rodoviários - destacou.
O gerente da geral da Empresa Senhor do Bonfim, responsável pelo transporte público em Angra, Flaviano Ferreira afirmou que a solução aprovada era uma demanda antiga e foi positiva.
Desafios do transporte coletivo
Para um ex-funcionário da empresa Bonfim, que prefere não se identificar, as condições de trabalho dos motoristas de ônibus são difíceis. Segundo ele, a pressão para o cumprimento dos horários e a reação de insatisfação das pessoas para com o serviço prestado são os dois maiores problemas a serem enfrentados por quem atua nesta profissão.
De acordo com o motorista, com a diminuição do valor da passagem, um número maior de pessoas tem utilizado o sistema de transporte público. O que seria uma solução viável para acabar com os congestionamentos e diminuir a emissão de gás poluentes, tem se tornado na verdade complicado para passageiros e motoristas.
- Se o ônibus está cheio e o condutor para no ponto, os passageiros que estão dentro do veículo reclamam. Alguns chegam a querer agredir motoristas e cobradores. Por outro lado, se condutor do veículo lotado opta por não parar no ponto, corrermos o risco de sermos notificado pela empresa. Enfim, ou somo punidos pelo passageiro ou pela empresa - disse.
O presidente do Sindicato confirmou os problemas apresentados pelo ex-funcionário.
Segundo ele, todas essas questões fazem parte da luta da entidade para que a categoria tenha melhores condições de trabalho.
- Sabemos da dificuldade de realizar viagens para bairros distantes dentro de um pequeno espaço de tempo. Conseguimos junto à empresa, que os horários de linhas que trafegam grandes percursos como Angra-Parque Mambucaba e Mangaratiba fossem alterados para uma margem maior de duração - disse.
Para Barbosa,o crescimento populacional no município e a estrutura estreita das ruas centrais são fatores que precisam ser considerados na análise do sistema de transporte público na cidade. De acordo com o presidente, as negociações entre o sindicato e a empresa Senhor do Bomfim tem sido produtivas e aos poucos as melhorias estariam produzindo resultados positivos.
- Com o aumento da população temos mais pessoas utilizando o serviço. A criação do transporte cidadão também contribuiu para o aumento do fluxo de pessoas nos coletivos.
Estão sendo colocados mais veículos. Porém, sabemos que as condições de trabalho ainda estão longe do ideal. Conforme a empresa for conseguindo se adequar, melhor será o serviço prestado para a população - destacou.
Populares cobram melhorias
-Já fiquei uma hora no ponto de ônibus tentando embarcar. No horário de saída dos trabalhadores do estaleiro quem quer entrar no coletivo após o ponto de embarque na Brasfels tem que ter paciência - contou a professora Carmem Silva.
Para a assistente administrativo Fabíola de Castro Barreto a mudança no preço da passagem para um real, beneficiou a população. Porém, segundo ela, o ideal é que a frota fosse adequada à nova quantidade de usuários.
- Isto significou uma economia muito grande para quem anda de ônibus. Também acredito que se mais pessoas estão nos coletivos menos carros teremos nas ruas. Mas o que não pode são ônibus tão cheios em alguns momentos do dia - disse.
A estudante Ana Cristhiane Barbosa reclamou da presença de baratas em alguns coletivos.
- Em alguns ônibus os passageiros são obrigados a fazer a viagem com baratas nas paredes e no chão dos carros. Reconheço que ainda há pessoas que deixam lixo no ônibus e isso contribui para que apareçam estes insetos. Por outro lado a empresa deveria limpar e dedetizar os veículos - contou.
Empresa comenta reclamações
O gerente geral da viação Senhor do Bonfim, Flaviano Ferreira salientou que os coletivos trafegam respeitando o número limite de passageiros.
Segundo ele, os veículos destinados ao transporte e trabalhadores do estaleiro correspondem a carros extras e por isso não houve a diminuição no número de ônibus que atende a comunidade. Sobre a superlotação nos horários de maior fluxo de pessoas, o gerente afirmou que a necessidade de aumento da frota é avaliada de acordo com a demanda juntamente com a subsecretaria de Trânsito.
- Foram colocados 20 novos carros em operação. Atualmente temos cerca de 140 ônibus. Os veículos possuem ar condicionado, GPS e câmeras de segurança. Nos horários de pico há um maior fluxo de passageiros, mas os carros fazem os itinerários com a lotação permitida. A empresa sempre procura atender a necessidade dos usuários. No Carnaval, por exemplo, teremos uma programação especial com 40 carros extras à noite - afirmou.
Sobre a reclamação de passageiros relativas à presença de insetos, a empresa informou que há um convenio com uma empresa de dedetização para evitar este tipo de ocorrência.
- Temos um contrato de dedetização com uma empresa multinacional, certificada pelo Inea (Instituto estadual do Meio Ambiente). Os ônibus que apresentam algum problema são recolhidos e o serviço é refeito. Realizamos, também, junto à população campanhas para o uso das lixeiras dos veículos, evitando o acumulo de lixo durante as viagens - disse Flaviano que finalizou "Qualquer duvida, reclamação ou sugestão podem ser feitas pelo 0800 886 1000".
Informações: Diário do Vale