A gestão Gilberto Kassab (PSD), que chega ao fim na segunda-feira, reservou R$ 660 milhões para serem transferidos aos consórcios e às cooperativas de ônibus da capital no ano que vem. O valor do subsídio, publicado ontem no Diário Oficial da Cidade, é o mesmo estipulado pela Secretaria Municipal dos Transportes no orçamento do ano passado, para uso em 2012.
Com esse "congelamento", aumenta a possibilidade de reajuste da passagem de ônibus, que hoje custa R$ 3. Ontem, Kassab preferiu não se manifestar a respeito do aumento do preço nem se ele poderá ocorrer já no mês que vem. "Caberá à futura gestão fazer os seus estudos, até porque eles que vão ter a responsabilidade de fazer a gestão do orçamento e saberão que valor será concedido", afirmou, em referência à equipe do prefeito eleito Fernando Haddad (PT).
O atual secretário dos Transportes, Marcelo Cardinale Branco, também não falou sobre o reajuste, alegando que essa é uma questão referente ao próximo governo. O futuro secretário, Jilmar Tatto, que assume o cargo na terça-feira, não foi encontrado para falar do assunto.
O subsídio é um mecanismo usado pelo Executivo municipal para equilibrar as contas do sistema de transporte coletivo. Em geral, quanto maior é o repasse da Prefeitura para os empresários e cooperados da rede de ônibus, menor é a necessidade de aumento de tarifas. Ou seja, o contribuinte paga indiretamente, por meio de impostos, e não nas catracas.
O valor da passagem não sobe há quase dois anos. Com o subsídio e o preço do tíquete congelados por tanto tempo, o serviço arrecada proporcionalmente cada vez menos, levando à necessidade de uma passagem mais cara. Para o exercício de 2011, por exemplo, quando o valor da viagem de ônibus foi fixado em R$ 3 (antes, custava R$ 2,70), Kassab orçou R$ 743 milhões para subsidiar as empresas e as cooperativas de transporte.
Em junho deste ano, por meio da abertura de um crédito suplementar, o prefeito já havia aumentado em R$ 112,5 milhões o repasse aos responsáveis pelo serviço, totalizando, até então, em R$ 772,5 milhões o subsídio destinado ao sistema este ano.
Críticos dos altos gastos com o subsídio alegam que boa parte desses recursos poderia ser investida nas áreas prioritárias da administração municipal, como saúde e educação. Mesmo no setor de transporte, o montante poderia se destinar à construção de corredores exclusivos para ônibus.
POR CAIO DO VALLE - O Estado de S.Paulo