Em uma assembleia geral realizada na manhã de ontem, na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Estado do Maranhão (STTREMA), na Rua Afonso Pena (centro de São Luís), motoristas e cobradores decidiram pela continuidade da greve, que completa hoje quatro dias. A proposta feita pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), de reajuste de 8,30% nos salários da categoria e no tíquete alimentação foi apresentada pela direção do sindicato, mas não foi aceita pelos motoristas.
O presidente do STTREMA, Dorival Sousa da Silva, apresentou a proposta aos rodoviários e disse que a decisão seria deles. Ele disse que em todas as greves pelas quais a categoria passou os tribunais sempre interferiram e o sindicato era obrigado a aceitar. "Mas dessa vez não vamos deixar que esta decisão nos seja enfiada goela abaixo. As pessoas precisam saber que somos uma classe organizada e que a decisão dos trabalhadores é soberana; portanto, o que for resolvido aqui o sindicato vai apoiar", afirmou.
De acordo com o Silva, a desembargadora do TRT, Márcia Andrea Farias, teria determinado que se os rodoviários não voltassem ao trabalho até as 12h de ontem, ele teria a prisão decretada. Em resposta, ele afirmou que preferia ser preso lutando pela categoria, a ser chamado de covarde pelos companheiros de trabalho.
"Já fui cobrador e hoje sou motorista com muito orgulho. Tenho caráter e dignidade, e se for expedido o meu mandado de prisão, aqui estarei, pois não vou me esconder ou deixar a sede do sindicato. Achei o percentual razoável, mas a categoria decidiu pela continuidade da greve, então só nos resta acatar e nos mantermos unidos", disse ele.
O sindicalista disse ainda que o canal de negociações continua aberto e que aguardará pelo posicionamento dos empresários em apresentarem uma nova proposta.
Dorival Silva ressaltou que o Sindicato das Empresas de Transportes (SET-São Luís) paralisou praticamente 100% da frota dos coletivos no intuito de prejudicar a categoria que ainda tentou cumprir a decisão judicial de manter um determinado percentual nas ruas, mas os ônibus teriam sido recolhidos sob a ordem do sindicato patronal.
"O SET aproveita o momento para tirar vantagem da situação e distorcer o nosso movimento junto à sociedade. Inclusive com o aumento das tarifas, o que nós rodoviários somos declaradamente contra", declarou.
Em nota divulgada na imprensa a assessoria de comunicação do TRT informou ontem que não foi expedido pela Justiça do Trabalho do Maranhão nenhum mandado de prisão contra o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nos Transportes Rodoviários de São Luís. Ainda de acordo com o Tribunal, caso seja constatado o crime de responsabilidade, a ação deverá ser encaminhada à Justiça Federal para ser analisada.