Um movimento “sem pai” organizado há alguns dias pretende mobilizar os usuários do transporte coletivo de Cuiabá a promover uma greve geral. A intenção é pressionar a administração municipal para a redução da tarifa dos ônibus, taxada em R$ 2,30 no último dia 12. Foram fixados, nos principais e mais visitados pontos de ônibus, cartazes pedindo à população para deixar de utilizar o transporte coletivo por hoje. “1ª Greve Geral dos Passageiros do Transporte Urbano de Cuiabá: contra R$ 2,30. Segurança e mais respeito aos usuários do transporte coletivo. Não use o ônibus neste dia 31 de julho”, pede o cartaz. Para a presidente da Associação dos Usuários do Transporte Coletivo de Mato Grosso, um movimento deste tipo, sem identificar os organizadores, gera descrédito. “A população já é apática com as mobilizações estruturadas, ainda mais com uma sem qualquer identificação de origem. Tem tudo para não dar certo”, afirma Marleide, também membro do Conselho Estadual de Defesa do Consumidor.
Apesar de acreditar que o movimento não terá muitos adeptos, os usuários apoiaram a iniciativa, salientando que deveria ser mais organizado. “É um absurdo o valor que a gente paga pelo transporte. Eu mesmo pago quase R$ 5 por dia por um ônibus que não passa no horário, vive lotado e, muitas vezes, nem para no ponto”, reclamou Vera. O próprio secretário de Trânsito e Transporte de Cuiabá, Edivá Alves, disse considerar a tarifa cobrada na Capital cara. “O valor da tarifa deveria consumir menos do salário do trabalhador. Quem recebe um salário líquido de R$ 400, por exemplo, gasta mais de 10% com transporte coletivo. Isso, se considerarmos que ele trabalhe só de segunda-feira a sexta-feira”, exemplificou. Conforme Alves, existem meios que possibilitam a redução da tarifa como, desoneração dos impostos sob o transporte e a distinção da responsabilidade sob a gratuidade dos estudantes. “47% da gratuidade dos estudantes de Cuiabá são oriundos da rede estadual de ensino e o Estado não custeia isso”, disse. “Com a retirada dos impostos sob o transporte por parte dos governos federal e estadual, a nossa tarifa já cairia para R$ 1,65”.