Pela décima vez este ano, o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário (STTR) ameaça paralisar parte da frota em Manaus. Desta vez, a categoria reivindica a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e promete que 70% dos ônibus da cidade não vão circular na próxima terça-feira, 12.
Para o vice-presidente do STTR, Elcio Campos, o direito da categoria ao PRL justifica prejudicar em torno de 360 mil usuários do sistema de transporte coletivo. “Todo trabalhador do Distrito Industrial recebe a participação nos lucros e nós também merecemos”, disse.
Campos informou que hoje o salário dos motoristas está em R$ 1.812 e dos cobradores gira em torno de R$ 900. A entidade quer receber R$ 7 milhões em PRL, para dividir entre a categoria. A ameaça de paralisação na próxima terça-feira foi protocolizada no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) e comunicada à população por meio de anúncios nos jornais, no último sábado.
Os rodoviários também haviam ameaçado a paralisação de parte da frota da empresa Global nesta sexta-feira, em reivindicação ao pagamento da ‘compensação de horas’.
Mas, segundo o sindicalista, a empresa atendeu ao pedido do sindicato e começou a pagar os funcionários nesta quinta-feira. “Vamos acompanhar de perto e se o acordo não for cumprido os funcionários vão parar”, disse.
Determinação da TRT
Na tarde desta quinta-feira, o TRT acatou o pedido do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas (Sinetram), determinando que os rodoviários mantenham 60% dos ônibus em atividade das 6h às 9h e das 17h às 20h. Nos outros horários, 30% da frota deverá circular em esquema de rodízio.
O desembargador do Trabalho da 11ª Região, David Alves de Melo, fixou multa de R$ 50 mil para cada hora de descumprimento da liminar.
O assessor jurídico do Sinetram, Fernando Borges, afirmou que além das dez ameaças de greve este ano, o STTR realizou outras 10 paralisações parciais. Ele disse que a entidade está tentando impedir a greve desta terça-feira junto a TRT, alegando que a parcela da PLR referente aos anos de 2008 a 2010 está sub judice e não pode ser paga sem a decisão da Justiça.
No último dia 28, a entidade ingressou no Ministério Público do Trabalho (MPT) e no Ministério Público do Estado (MPE-AM), com duas representações contra o sindicato dos rodoviários. “Estamos pedindo a investigação da verdadeira motivação para tantas paralisações. Acreditamos que o sindicato está usando as ameaças de greve como fator político”, disse Borges.
Além das representações, já tramita no TRT uma denúncia de extorsão por parte do STTR ao Sinetram, ajuizada em janeiro deste ano.
A última paralisação geral dos rodoviários foi em 10 de abril do ano passado, quando 95% da categoria parou e 500 mil pessoas foram afetadas. Na época, o motivo alegado por motoristas e cobradores foi o não pagamento de horas extras e prejuízos com a falta de definição do dissídio coletivo de 2012.
O presidente da Junta Governativa do sindicato, instalada por decisão da Justiça do Trabalho, Francisco Pereira, afirmou que a real motivação da paralisação foi o afastamento do ex-presidente Josildo Oliveira da direção do STTR.
Entre as reivindicações anunciadas nas ameaças e paralisações parciais registradas este ano pelo STTR, estão o pagamento de direitos trabalhistas, como INSS, FGTS e horas extras.
Por Clarice Manhã
Informações: d24am.com