A votação do projeto de lei que limita em 40 km/h a velocidade dos veículos articulados e biarticulados nas vias do anel central de Curitiba, que estava ontem na pauta da Câmara Municipal, foi adiada por dez sessões – aproximadamente duas semanas. A prorrogação foi solicitada pelo vereador Tito Zeglin (PDT), autor do projeto.
Com receio de que a proposta fosse rejeitada, Zeglin solicitou o envio do projeto para a Urbanização de Curitiba S/A (Urbs) – empresa de economia mista responsável pelo transporte coletivo na capital. “Levarei a proposta à Urbs para que os técnicos possam analisar e dar um parecer que possa embasar a justificativa, evitando a reprovação”, diz ele.
Na opinião do vereador, estabelecer um limite de velocidade é crucial para a segurança do sistema. “Diminuir a velocidade é uma maneira de dar mais segurança aos passageiros e pedestres na área central, local de maior movimentação de pessoas”, afirma. Em Curitiba, neste ano, segundo dados preliminares do Corpo de Bombeiros, foram registrados 500 batidas ou atropelamentos envolvendo ônibus (coletivos ou não), que deixaram 287 pessoas feridas.
Uma medida semelhante foi adotada em julho na cidade do Rio de Janeiro. Lá, com exceção de algumas ruas, todos os ônibus que circulam pela cidade devem trafegar, no máximo, a 50 km/h. A alteração baseou-se em estudos técnicos feitos pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Rio) e foi proposta pela prefeitura.
Em São Paulo, a solução encontrada para evitar acidentes foi outra: ao invés de limitar a velocidade dos ônibus, uma lei prevê que até 2012 todos os ônibus da cidade rodem com um painel que indica a velocidade aos passageiros. Se o excesso de velocidade for comprovado, a empresa será multada em R$ 720.
Polêmica
Na opinião do engenheiro civil Roberto Ghidini, autor de uma tese de doutorado sobre o transporte coletivo de Curitiba, a medida cautelar é bem-vinda. “A diminuição da acidentalidade é consequência de uma série de medidas. Obedecer às normas de condução, sobretudo nos cruzamentos, e a redução da velocidade me parecem cruciais”, diz.
Entretanto, para Ghidini, a redução na velocidade dos ônibus certamente trará impactos no tempo de viagem. “Caso não haja aumento da frota, além da velocidade, provavelmente a frequência entre um ônibus e outro será menor”, pondera. Mesmo assim, ele ressalta que a proposta trará mais segurança para os passageiros e pedestres.
O arquiteto Ricardo Mesquita também aprova a medida. Segundo ele, não há motivo para que os ônibus arranquem bruscamente. Outra vantagem está na parada em semáforos. “Se o ônibus mantiver a média máxima de 40 km/h é mais fácil encontrar os semáforos abertos”, explica. Procurada pela reportagem, a Urbs não se pronunciou sobre o projeto de lei do vereador Tito Zeglin.