A exatos cinco meses da Copa do Mundo, as obras de mobilidade urbana, anunciadas como principal legado para as cidades-sede, deverão ter apenas metade da dimensão inicial planejada.
Em vez dos R$ 15,4 bilhões (corrigidos pela inflação) previstos em 2010 para 56 intervenções nas 12 sedes, restaram 39 projetos e R$ 7,9 bi.
Dos empreendimentos anunciados no plano de investimentos para a Copa, em 2010, só quatro estão prontos --os demais têm previsão de entrega entre fevereiro e junho. A Copa começa em 13/6.
Em geral, obras deixaram o plano inicial por atrasos em licitações, projetos com problemas, orçamentos estourados e falta de tempo para conclusão até o torneio.
CIDADES
O contraste entre planos para a Copa e realidade não é pequeno.
Em 2010, a Porto Alegre que se preparava para a Copa, se comprometeu a fazer intervenções ambiciosas, como corredores e terminais de BRT (corredor rápido), duplicações e viadutos.
Quatro anos depois, a prefeitura local entende que o fundamental para a Copa é o acesso ao estádio Beira-Rio.
Conclusão: só duas das obras de mobilidade ficaram --a pavimentação ao redor do estádio e um conjunto de vias que leva ao local.
Brasília tem apenas uma obra de mobilidade urbana prevista para a Copa. Tal qual Porto Alegre, o BRT ficou para depois --estão sendo feitas melhorias nos acessos no entorno do aeroporto, ponto crônico de trânsito.
Os piores exemplos estão em Manaus, em que nenhuma obra sairá do papel até a Copa, e Cuiabá. Já São Paulo priorizará o transporte individual.
O Rio é um dos poucos que pode cumprir, ainda que com atraso, o compromisso para o torneio mundial.
A cidade elencou apenas uma obra para a Copa, a via Transcarioca, também um corredor rápido de ônibus, que ligará o aeroporto do Galeão à Barra da Tijuca.
A via ficará pronta em maio, diz a Secretaria Municipal de Obras, a um mês da competição e com um ano de atraso.
De maneira geral, o governo federal tem argumentado que as obras que não ficaram prontas a tempo não comprometerão a Copa --e integrarão o PAC da Mobilidade.
Nessa modalidade, as obras se desvinculam da realização do torneio e o prazo de conclusão é mais elástico.
Manaus não terá obras de transporte para a Copa
Trânsito em Manaus preocupa |
Única sede na região Norte do país, Manaus pretendia fazer um monotrilho e um BRT (corredor de ônibus), mas não terá nenhuma dessas obras para a Copa.
Tal qual outras capitais, haverá intervenções menores, algumas delas estéticas.
Em Manaus, irregularidades nos projetos atrasaram as licitações, as obras não ficariam prontas em tempo e foram retiradas do cronograma.
Entre os problemas detectados está o fato de que monotrilho e BRT passariam e parariam nos mesmos locais.
O governo do Amazonas diz que os projetos migraram para o PAC da Mobilidade.
A cidade prevê reformar o entorno do estádio, como recapear e sinalizar vias.
BRT em Salvador, Só depois da Copa |
Salvador teria um BRT de 42 km, ligado ao metrô, mas o "legado" se resumirá a dois viadutos de acesso ao estádio e melhores calçadas.
Em Cuiabá (Veículo leve sobre trilhos) e Fortaleza (BRT), as obras, que ajudariam no acesso de torcedores aos estádios, ficarão para depois.
O VLT de Cuiabá teve suspeita de direcionamento na licitação e chegou a ser parado pela Justiça. Agora, o governo do Estado diz que não ficará pronto "integralmente" para o Mundial.
Já em Fortaleza, a prefeitura diz que as obras do BRT impactariam no trânsito, pois outras intervenções estão sendo feitas para a Copa. Por "bom senso", adiou a entrega para o fim de 2014.
SÃO PAULO
Em São Paulo, nenhuma obra de transporte de massa será entregue para a Copa.
Uma das intervenções previstas, a linha 17-ouro, de monotrilho, deve ficar para 2015. Ela liga o aeroporto de Congonhas à rede de metrô. Dificuldades na obtenção de licenças fizeram a obra atrasar.
Segundo o governo, a ligação dos aeroportos (há também Guarulhos) com trem/metrô será por meio de um esquema especial de ônibus.
Para a Copa, haverá a inauguração de um complexo viário no entorno do estádio do Corinthians, na zona leste, até abril, segundo o governo.
Uma das alças de ligação entre a Radial Leste e a Jacu Pêssego, na região de Itaquera, corre o risco de atrasar, por problemas com a desapropriação de casas.
Informações: Folha SP
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