Estresse, queda nos níveis de qualidade de vida, poluição e alto custo para se locomover. A lista de dificuldades enfrentadas por motoristas de grandes cidades brasileiras tende a crescer nos próximos anos, junto com o número de carros nas ruas. "Temos uma condição extremamente interessante de mobilidade social deslocando uma demanda reprimida de automóveis", avalia Fernando Arbache, especialista em infraestrutura da Fundação Getúlio Vargas.
Ele compara o processo de migração econômica da classe D para a C com fenômeno similar ocorrido nos Estados Unidos nos anos 1950, época em que o consumo ganhou escala no país americano. "O problema é que não vamos ter uma crise do petróleo com o pré-sal aí. Vamos, sim, continuar com o combustível fóssil e o etanol", indica.
Uma das consequências do movimento apontado por Arbache será a extensão dos horários tradicionais de pico enfrentados por motoristas em centros urbanos como Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. É o que mostra pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral.
"O trânsito será mais perene e lento, com prolongamentos de horários de pico nos grandes corredores dessas cidades", indica Paulo Resende, coordenador de infraestrutura e logística da entidade. O aumento da poluição é apontado por Resende como o efeito mais perceptível. "A emissão de gases será até 30% maior que o índice normal de cada veículo, por conta do tempo gasto em congestionamentos", afirma.
Contudo, o impacto do trânsito não deve ficar restrito a ardores nos olhos, problemas respiratórios ou debates sobre o aquecimento global. Ele já é sentido no bolso: o trânsito parado custa a cada brasileiro R$ 70 por ano - valor calculado pela Fundação Dom Cabral de acordo com as horas de trabalho estacionadas. "A cidade de São Paulo perdeu R$ 3,3 bilhões em 2008, em quatro vias: as marginais Pinheiros e Tietê, e as Avenidas Badeirantes e 23 de Maio. Isso foi quase 10% do PIB do Estado", avalia Resende.
Fonte: Brasil Econômico
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