Natal conta hoje com 110 linhas, somando ônibus (86) e opcionais (24). Após a licitação do sistema de transportes, que deve ocorrer até o final deste ano, restarão 48. Essa é uma das definições do Plano de Mobilidade Urbana do Município, entregue à Prefeitura no mês de fevereiro e que passará por uma “modelagem” para servir de base à licitação. De acordo com o secretário adjunto de Transportes da Secretaria de Mobilidade (Semob), Sílvio Medeiros, o resultado final das mudanças será muito favorável aos usuários.
“A concepção do novo plano é criar 27 linhas vicinais, que percorrem bairros próximos, com tarifa diferenciada; e 21 linhas estruturais, que percorrem a cidade. Hoje, existe um desperdício no sistema. As linhas atuais foram criadas na década de 80, quando o destino de viagem do natalense era para o Alecrim, o Centro e a Ribeira. Todo mundo convergia para esses três locais e até hoje os trajetos são os mesmos, porque para mudar ou criar uma linha você precisava licitar, mas não se licita uma linha, se licita o sistema”, explica.
Segundo o secretário, os polos geradores de viagens passaram de três para 13 e agora incluem localidades como Igapó, Felipe Camarão e Ponta Negra. “O mais importante, e que de acordo com o estudo será o de maior crescimento na geração de viagens daqui a alguns anos, é o que fica no quadrilátero entre Bernardo Vieira e Mor Gouveia, Salgado Filho e a avenida do Km 6 (Napoleão Laureano)”, aponta.
Sílvio Medeiros lembra que embora o desejo de viagem dos natalenses tenha mudado e somente 6% da população se desloque para o Centro e a Ribeira, 56% das linhas continuam indo até esses bairros. “A população hoje quer ir para um lado e os ônibus vão para o outro. Esse engessamento do sistema gera desperdício e superposição de linhas”, resume.
Uma máxima comum na zona Norte, de que é mais fácil o morador da região ir até o Midway Mall do que qualquer outra parte da própria zona Norte, é considerada um exemplo clássico dos problemas atuais do sistema. “Hoje a zona Norte tem vida própria e 32% dos usuários de ônibus da região ficam na própria zona Norte”, revela.
Por isso mesmo, das 27 linhas vicinais praticamente metade irá circular naquela região. Serão 13 na zona Norte, 4 na Sul, 6 na Oeste, 2 na Leste e 2 na região central da cidade. “As pequenas distâncias vão ser feitas pelas vicinais, pagando uma tarifa menor. A ideia é termos uma tarifa escalonada, conforme o percurso. Se você pega duas linhas vicinais, é um preço. Se pega uma vicinal e uma estruturante, será outro.”
Uma das metas com as linhas vicinais é atrair para o transporte público parte dos 37% de natalenses que se deslocam a pé para o trabalho, ou os estudos. “É uma média bem acima da nacional, que não chega a 30%, e mais da metade deles (51%) são estudantes. E tanto os alunos, quanto os trabalhadores, muitos preferem ir andando porque o ônibus não faz o percurso que eles desejam, ou porque não tem dinheiro para pagar”, destaca.
Já as linhas estruturantes terão como características atender aos deslocamentos de maior distância, transportando grande quantidade de passageiros com mais velocidade, utilizando faixas exclusivas. “Teremos nessas linhas veículos com maior capacidade, talvez até biarticulados”, cogita Sílvio Medeiros.
Fonte: Tribuna do Norte