O terceiro dia de greve dos rodoviários nesta sexta-feira (25) pode ser o dia do acordo entre empregados e patrões. Pelo menos, assim torce a população soteropolitana. O Tribunal Regional de Trabalho (TRT) julgará os dissídios de greve envolvendo os rodoviários de Salvador e intermunicipais nesta sexta-feira (25).
A vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), Graça Laranjeiras,
decidiu antecipar o julgamento do dissídio coletivo, que estava previsto somente para a segunda-feira, diante dos transtornos provocados para a população.
Também pelo terceiro dia, os rodoviários descumpriram a determinação da Justiça de pôr nas ruas 40% da frota de 2.742 ônibus nos horários habituais e 60% nos horários de pico. A multa para o não cumprimento é de R$ 50 mil, acumulando um total de R$ 150 mil.
O sindicalista Euvaldo Alves afirmou que deverá recorrer da decisão. “Vamos apresentar nossa defesa, a culpa aí não é do sindicato”, assegurou.
PM promete segurançaO Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros (Setps) anunciou que teve a garantia de que a Polícia Militar faria a segurança dos veículos que iriam pegar em casa motoristas e cobradores responsáveis por conduzir os ônibus. Segundo o assessor de relações sindicais do sindicato, Jorge Castro, os ônibus foram impedidos de sair das garagens pelos grevistas. “Botamos os transportes, mas eles quebraram ônibus, fizeram a maior balbúrdia”, diz.
Mas, segundo o chefe do Departamento de Comunicação Social da PM, capitão Pitta, a instituição já tinha montado na quarta (23) e quinta (24) um esquema de segurança. “A PM está lá para dar apoio aos rodoviários que quiserem trabalhar, mas não podemos forçar o rodoviário a sentar e dirigir o ônibus”, destacou o Capitão Pitta.
O vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários (Sintroba), Euvaldo Alves, negou que tenha havido o impedimento da saída dos veículos. “Fomos para as garagens para cumprir a ordem judicial, mas não tinha ônibus para os trabalhadores chegarem às garagens”, explicou.
Julgamento
A depender da decisão do TRT, os 18 mil rodoviários da Bahia poderão ter os vencimentos elevados de R$ 1.447,58 a R$ 1.859,30, somados salário base e tíquete-refeição. Atualmente, recebem R$ 1.379.
Na primeira hipótese, se concedido o que foi oferecido pelo Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros (Setps), as empresas de ônibus que atuam na capital terão de reduzir os lucros em R$ 2,8 milhões por mês, conforme estimativa da entidade. O impacto do que foi pedido pelos rodoviários é de R$ 6,2 milhões.
Outros pontos que estão na pauta, como o retorno do pagamento do quinquênio (que concede reajuste de 5% para cada cinco anos de contrato com a empresa e era pago até 2006) e o plano de saúde para dependentes, segundo o assessor de relações sindicais do Setps, Jorge Castro, poderão ampliar o impacto para R$ 20 milhões mensais.
Conforme o histórico dos dissídios do TRT, quando não há entendimento entre as partes, o usual é conceder o reajuste da inflação do ano anterior, com base no Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do IBGE. Em 2011, esse indicador fechou em 6,5%, o que levaria o salário base dos rodoviários para R$ 1.597,10. Após o julgamento, os rodoviários irão se reunir em assembleia.
O presidente do Sindicato dos Rodoviários (Sintroba), Manuel Machado, evitou falar sobre a possibilidade de continuação da greve, caso a decisão judicial não agrade. “Vamos nos entender com a categoria”, disse. Após o dissídio, a continuação da greve torna-se ilegal e os empresários ficam autorizados a cortar o ponto.
Fonte: Correio 24 Horas