Para resolver o problema do trânsito de passageiros e preparar a mobilidade de Cuiabá para o Mundial de 2014, o governo de Mato Grosso, as prefeituras de Cuiabá e Várzea Grande e a Agecopa (Agência Executora das Obras da Copa) optaram pela escolha mais viável: o BRT (Bus Rapid Transit), que é hoje a tendência mundial nas cidades que enfrentam congestionamentos no trânsito em horários de pico.
Já que não é possível hoje para Cuiabá falar em metrô ou VLT (metrô de superfície) devido à inviabilidade e custos de exploração, o martelo foi batido para a introdução do BRT. Resta agora saber quem vai explorar os serviços – o que deve ser definido através de processo licitatório.
Em maio deste ano, durante a visita do Comitê Organizador Local (COL) da Fifa a Cuiabá, um veículo de BRT desfilou pelas ruas da cidade para testar os limites do carro articulado em situações de curvas, ruas estreitas e subidas íngremes. Houve aprovação no teste e Cuiabá está pronta para receber o sistema.
Com uma obra que deve durar até dois anos até sua conclusão, o sistema vai capitalizar recursos de aproximadamente R$ 420 milhões e vem com a proposta de solucionar o problema da mobilidade urbana, especialmente no transporte de passageiros.
O BRT já tem suas linhas definidas para a Grande Cuiabá. O sistema percorrerá dois eixos: da avenida do CPA até o aeroporto Marechal Rondon, passando pela avenida da FEB (Várzea Grande), e do Centro à região do Coxipó, passando pela avenida Fernando Corrêa
Enquanto o sistema vem para resolver o principal problema do trânsito da capital, por outro lado o município prevê os obstáculos naturais à sua implantação, que são principalmente desapropriações na área central e a ampliação da avenida do CPA.
Segundo o coordenador de Mobilidade Urbana da Agecopa, Rafael Detoni, o teste feito com o veículo Volvo, ideal para a implantação do BRT (Bus Rapid Transit), servirá para que os consultores que prestam serviço para a agência avaliem se este tipo de ônibus servirá para compor o novo sistema.
"É um veículo confortável e seguro, de piso de baixo, que vai atender os deficientes e se adapta à necessidade de toda a comunidade", observou o coordenador de Transportes da SMTU, Leopoldino Pereira. O veículo seguiu pelas vias que vão formar os principais corredores exclusivos para o sistema BRT.
O secretário de Trânsito e Transporte Urbano de Cuiabá, Edivá Pereira Alves, que convive com a angústia da crise no transporte coletivo e individual ,vislumbra agora a oportunidade de resolver, senão todos, grande parte dos problemas referentes à mobilidade urbana, que será legado da Copa 2014.
De acordo com o projeto, o novo modelo compreenderá a área urbana da cidade, que será cortada por corredores exclusivos para ônibus, num desenho em forma de "Y".
O BRT vem com a promessa de apresentar transporte coletivo de qualidade e representar a saída para o problema do trânsito em Cuiabá. Na cidade, há um carro para 2,2 habitantes. O BRT, que terá deslocamento muito mais rápido nos horários de pico, já que haverá faixas exclusivas e cercadas para seu tráfego, vai estimular os motoristas a deixarem o carro em casa para aderir ao novo sistema. E isso, por si só, já traria um alívio ao trânsito da capital.
A Agecopa espera que com a implantação dos corredores do BRT e as melhorias previstas no projeto de mobilidade, Cuiabá vai solucionar seu problema de congestionamentos. Hoje a frota de veículos está na casa dos 250 mil e a previsão é de que daqui a 10 anos este número dobre. As soluções devem ser implantadas agora.
Uma solução para o caos
O aperto que perdura nos ônibus da cidade pode até sugerir o contrário, mas cada vez menos pessoas utilizam o transporte público em Cuiabá. Segundo a prefeitura, a cada ano os coletivos da capital perdem 5% de seus usuários para carros e motocicletas. Infelizmente, as atuais facilidades para compra em massa de veículos ainda não foram capazes de livrar os ônibus da pecha de "latas de sardinha", mas têm sido suficientes para deixar as ruas insuportavelmente saturadas.
Neste retrocesso, o "busão" acaba relegado quase que totalmente ao uso por parte dos que não têm mesmo condições de bancar um veículo. Situação impensável para uma cidade que precisa democratizar o direito de ir e vir e proporcionar verdadeira qualidade na mobilidade urbana antes da Copa de 2014, o que só é possível priorizando o transporte coletivo.
E o caminho para isso se espelha no exemplo mundialmente conhecido de Curitiba: o sistema de BRT, lançado no País pelos paranaenses em 1974. É ele que deve levar os cuiabanos, de todas as classes sociais, de volta aos ônibus – desta vez, sem apertos.
Para a capital mato-grossense, o modelo desbancou o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e emplacou entre o meio político, sendo anunciado como principal intervenção para a mobilidade urbana, tal como em outras sub-sedes da Copa de 2014. Funciona em pelo menos 100 cidades no mundo – grande exemplo é Bogotá (Colômbia).
O sistema segrega nos principais corredores urbanos pistas centrais exclusivas para ônibus articulados de grande capacidade (alguns de até 270 passageiros), possibilitando viagens rápidas e confortáveis e deixando as pistas laterais para o tráfego dos demais veículos.
Fonte: A Gazeta