A cidade de São Paulo ganhou apenas um ônibus elétrico desde outubro de 2022, quando foi proibida a inclusão de novos veículos a diesel na frota de coletivos da cidade.
Segundo dados da SPTrans, empresa da prefeitura que administra o transporte público da cidade, São Paulo tinha em outubro 219 veículos elétricos: 201 trólebus e 18 ônibus movidos a bateria. O cenário é quase o mesmo em junho deste ano, quando operavam na capital 220 desses circulares — apenas um ônibus movido à bateria foi incluído.
A proibição da compra e inclusão de novos veículos a diesel foi determinada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) na tentativa de fazer o município se adequar à Lei de Mudanças Climáticas e ao Programa de Metas da Prefeitura.
Ônibus mais velhos
O contrato de concessão com a Prefeitura de São Paulo determina que os ônibus devem ser trocados ao completarem dez anos da sua fabricação. No entanto, isso não está acontecendo, o que pode estar relacionado ao veto a novos ônibus a diesel. De acordo com a SPTrans, 396 ônibus acima da idade-limite estão sendo usados atualmente.
A empresa afirmou que "estes coletivos são aceitos no sistema, desde que sejam apresentados para inspeção, sejam aprovados e com indicação de que sejam utilizados, preferencialmente, como reserva técnica". Ainda segundo a SPTrans, toda a frota passa por uma vistoria periódica, sendo que aqueles com mais de dez anos são checados com uma frequência maior.
Financiamento para compra de ônibus
A SPTrans não detalhou os motivos da demora em incluir novos ônibus na frota. A Prefeitura de São Paulo negociou um empréstimo de R$ 2,5 bilhões com dois bancos internacionais para financiar a troca da frota, e a expectativa é de poder usar esse dinheiro em breve.
Em nota, a SPTrans informou que as empresas concessionárias já apresentaram, até o momento, pedidos para aquisição de 2.292 ônibus elétricos. Eles deverão ser entregues entre 2023 e 2024: 1.624 unidades com previsão para este ano e 668 para o próximo.
Concessionárias
A medida que obriga a troca de ônibus velhos por elétricos não agradou às concessionárias, que disseram que foram pegas de surpresa e que a nova exigência aumentará os custos do serviço, o que deverá refletir na tarifa e nos subsídios repassados pela administração municipal.
Por ora, a gestão Ricardo Nunes manteve a tarifa em R$ 4,40 para o ano de 2023 e espera que a troca por veículos elétricos possa ser impulsionada por meio do financiamento.
Inquérito do MP
Menos de um mês da divulgação da medida, o Ministério Público de São Paulo abriu um inquérito para investigar Ricardo Nunes e o diretor-presidente da SPTrans, Levi dos Santos Oliveira. A ação visa apurar uma eventual lesão ao erário na decisão de proibir a inclusão e compra de veículos movidos a óleo diesel no sistema de ônibus da cidade.
O promotor responsável pelo caso, Paulo Destro, levou em consideração nove itens, entre eles os expressivos custos para o atendimento da regra e a falta de transparência, critério ou informações do modelo de financiamento desse alto custo de investimento.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo informou, na época, que "a substituição de ônibus a diesel por veículos com motores não poluentes segue a lei municipal nº 16.802/2018".
Segundo a administração municipal, trata-se de uma "medida importante para diminuir os níveis de poluição na cidade de São Paulo, reduzir mortes por doenças respiratórias e melhorar a qualidade de vida da população".
Informações: R7
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