As mortes em acidentes viários no Brasil aumentaram 37% em dez anos. Mais de 44 mil brasileiros foram vítimas fatais em 2012, contra cerca de 32 mil em 2002, segundo o Ministério da Saúde. Para mudar a estatística, estudo do Instituto WRI Brasil/Embarq Brasil, que auxilia os governos em planejamento de mobilidade, recomenda que as cidades reduzam os limites de velocidade em vias urbanas para 50 km/h — inclusive nos corredores BRT e BRS.
O limite é o mesmo recomendado pela Organização Mundial da Saúde, mas o Código de Trânsito Brasileiro permite 60 km/h ou mais. Segundo o estudo ‘Impactos da Redução dos Limites de Velocidade em Áreas Urbanas’, só o Rio teve cerca de 17 óbitos a cada 100 mil habitantes em 2012, quase nove vezes mais que Tóquio e seis vezes mais que Paris no mesmo ano. Também a cada 100 mil habitantes, duas e três pessoas morreram, em média, em acidentes nas capitais do Japão e da França (algumas que praticam 50 km/h), respectivamente, em 2012.
A publicação mostra que 114 países já adotaram 50 km/h como limite e vêm conseguindo diminuir as mortes sem causar congestionamentos. “Muito se fala dos excessos do condutor, mas pouco do papel do poder público de definir os limites de velocidade. O critério que aponta 50 km/h é a presença de residências e comércio no entorno e circulação de pedestres e ciclistas. Esse limite permite a fluidez do trânsito e respeita a fragilidade da vida humana”, explica Marta Obelheiro, uma das autoras.
Ao ser atingido por um veículo a 40 km/h, um pedestre tem 35% de chance de morrer. Se o veículo estiver a 60 km/h, o risco aumenta para 98%, dizem os pesquisadores.
O custo estimado dos acidentes de trânsito no Brasil em 2012 foi de R$ 39 bilhões, incluindo gastos médicos e hospitalares, danos materiais e perda de produtividade. Em 2013, mais de 444 mil pedidos de indenização por invalidez permanente foram feitos no país pelo mesmo motivo. Procurada pelo DIA , a CET-Rio não disse se estuda reduzir as velocidades.
SÃO PAULO RECEBE ELOGIO
São Paulo foi apontada no estudo como referência no Brasil. Algumas avenidas receberam reduções de 70 para 60 km/h recentemente, enquanto importantes rotas de transporte público tiveram velocidades reduzidas de 60 para 50 km/h. Na região central, o limite está caindo para 40 km/h. Quase 12 pessoas morreram no trânsito a cada 100 mil habitantes na capital em 2012.
Apesar da recomendação para baixar as velocidades nas pistas de BRT e BRS, Marta Obelheiro alerta que não pode haver distinção entre ônibus e outros veículos. “Corredores de transporte coletivo atraem muitos pedestres. Mas seria maldade adotar uma velocidade menor só para o transporte público, já que o objetivo das faixas exclusivas é qualificar o serviço”, diz.
Por Gustavo Ribeiro
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