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Prefeitura do Rio incluirá 37 ruas no mapa de ciclovias de Copacabana

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

RIO — Copacabana promete virar o bairro preferido dos ciclistas, se um novo projeto da prefeitura ganhar o respeito dos motoristas. A Secretaria municipal de Meio Ambiente inicia, nesta segunda-feira, uma série de intervenções para incluir 37 ruas ao mapa cicloviário da região. Atualmente, Copacabana conta com ciclofaixas nas ruas Figueiredo Magalhães e Xavier da Silveira, além da ciclovia na orla. Até o fim deste semestre, no entanto, tachões criarão um novo espaço para as magrelas nas ruas Tonelero (a partir da Figueiredo Magalhães) e Pompeu Loreiro, passando pelo Túnel Major Vaz. Além desse eixo longitudinal, que cortará o bairro por dentro, paralelamente à praia, outras 35 vias secundárias passarão a ser de uso compartilhado entre carros e bicicletas, com preferência para a turma do pedal. Ali, ônibus, motos e automóveis não estão autorizados a ultrapassar os 30 km/h.

— Nessas vias, os carros são tolerados pelos ciclistas, e não o contrário — explica o subsecretário de Meio Ambiente, Altamirando Fernandes Moraes. — A CET-Rio já havia diminuído a velocidade máxima em algumas dessas vias. Agora, vamos incluir farta sinalização, entre placas e pinturas no chão, dando ênfase para a questão da preferência para quem está sobre a bicicleta.

O projeto inclui ainda uma ação educacional nas vias. Entre elas, Ronald de Carvalho, Belford Roxo, Hilário de Gouvêa, Constante Ramos, Barão de Ipanema e Djalma Urich. A ciclovia da Avenida Atlântica e a ciclofaixa da Rua Xavier da Silveira terão suas pinturas melhoradas. O projeto todo abrange 13,87 km do bairro. Com isso, o Rio saltará dos atuais 346 km de ciclorrotas para quase 360 km, uma das maiores extensões cicloviárias da América Latina, junto com Bogotá. A meta, segundo Moraes, é terminar com ano com 380 km de ciclorrotas e chegar às Olimpíadas com 450 km.

A combinação de congestionamento e falta de vagas faz com que muitas pessoas optem pela bicicleta para fazer pequenos deslocamentos em Copacabana, ressalta o subsecretário, que é morador do bairro e ciclista. Números levantados pela ONG Transporte Ativo confirmam a preferência pelas magrelas. Num período de 12 horas, a entidade contabilizou 700 bicicletas percorrendo vias do bairro. Em outra pesquisa, realizada em 2013, a ONG concluiu que são realizadas 11.500 entregas por meio de magrelas diariamente em Copacabana. Todo tipo de carga — de cachorros banhados e tosados em pet shops a pães franceses — chega às casas dos clientes à base de pedaladas.

— São 33 mil viagens diárias no bairro, sendo que 38% são para entrega de mercadorias — afirma Zé Lobo, diretor-presidente da ONG Transporte Ativo. — Essa mudança nas vias secundárias será muito importante para dar mais segurança aos ciclistas e melhorar a convivência no bairro. Vários moradores reclamam que os entregadores, muitas vezes, usam a calçada, o que deve diminuir bastante.

Para o oceanógrafo Vinícius Pinheiro Palermo, de 35 anos, a novidade pode melhorar a cultura dos motoristas em relação aos ciclistas:
— Muitos não respeitam quem está de bicicleta, e essa mudança ressalta a importância desse tipo de transporte — disse ele ontem, ao retornar para sua casa no Humaitá, vindo de Copacabana.

Fiscalização e maior vigilância da sociedade
Nem sempre demarcar áreas destinadas aos ciclistas resolve o problema daqueles que optam pela magrela para se deslocar. A falta de educação no trânsito continua sendo um obstáculo aos ciclistas, mesmo nas ciclofaixas. Diariamente, é comum ver carros e, principalmente, veículos de carga fingindo não notar os tachões, gelos baianos e as pinturas no chão. Ontem, um caminhão invadiu parte da ciclofaixa da Rua Figueiredo Magalhães para entregar galões de água a um estabelecimento da via. Ao ser abordado, Isaías Santana, responsável pela entrega, deu a seguinte desculpa:
— As vagas de carga e descarga estão ocupadas por carros de passeio e são do outro lado da rua. Como vou atravessar carregando vários galões?

O subsecretário Altamirando Fernandes Moraes reconhece o problema, mas diz que os motoristas estão cada vez mais conscientes. Os avanços seriam fruto de melhorias na fiscalização da Guarda Municipal e da vigilância da própria sociedade, afirmou:
— O aumento no número de bicicletas circulando faz que esse processo educativo caminhe e que as próprias pessoas cobrem mais respeito.
Zé Lobo, da ONG Transporte Ativo, concorda e diz: abusos de carros não são exclusivos do Rio.
— Já vi essa invasão até na Europa. Mas não há como negar que houve uma melhora muito grande.

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