O transporte público de Goiânia abrange toda a região metropolitana, são 13 municípios e mais de dois milhões de pessoas. Desta população, cerca de 41% utilizam os ônibus, ou seja, 900 mil pessoas por dia útil, sem período de férias. Essa parcela de goianos é atendida por 1.432 ônibus rodando e outros 300 em reserva, segundo dados da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), desde o último aumento da frota, em 2005. De 2006 a 2010 este número se mantém, enquanto o Detran registra aumento de 38,03% na frota de veículos particulares.
De acordo com a assessoria de imprensa da CMTC, desde que a companhia foi criada, em 2003, o número de passageiros no transporte público se mantém entre 800 mil e 900 mil nos dias úteis, em período sem férias. Esse total corresponde a 19 milhões de pessoas por mês, que varia de 18 milhões a 20 milhões, segundo a entidade. Em relação aos veículos particulares, segundo o Detran-GO, em 2006 havia 695.457 e no ano de 2010 o número alcançou 959.954 carros, motos, caminhões e outros meios de transporte.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em levantamento divulgado ontem, revela que em todo o Brasil a frota de veículos chega a 63,7 milhões, alta de 114% nos últimos 10 anos. O levantamento também mostra que cerca de 44% dos brasileiros utilizam o transporte público, número acima da média goiana. Segundo o estudo, as dificuldades encontradas pela população em locomover-se por meio de ônibus coletivo e metrô são as maiores causas dos investimentos em veículos particulares. Lotação e demora fazem com que as pessoas procurem seus meios próprios.
Por essas razões, o operador de caixa Genivaldo Henrique de Souza Almeida, 22 anos, resolveu desistir dos ônibus em Goiânia e comprar sua moto, há oito meses. Antes de ter a sua motocicleta, ele utilizava um ônibus por dia para ir ao trabalho e demorava cerca de 40 minutos para chegar ao local, além de outro coletivo, para a volta. “Era só um ônibus, mas no horário de pico demorava muito e era muito lotado. Eu tinha que sair 40 minutos mais cedo de casa e agora posso ficar esse tempo fazendo outras coisas ou descansando”, revela.
O agora motoqueiro ainda mostra que a aquisição do bem é uma economia. Segundo seus cálculos, Genivaldo gastava R$ 4,50 por dia para ir e volta do trabalho, mas com a moto ele gasta a metade disto. “Hoje eu gasto bem menos e passo menos raiva, tem o custo de manutenção, mas isto é pouco perto dos problemas que dá”, diz. Ele conta que uma vez o motorista bateu o ônibus e ele chegou atrasado no trabalho e em outro dia, um domingo, saiu de casa às 14h para chegar ao local em que trabalha às 15h10, mas só conseguiu estar lá às 16h, e correu o risco de ser demitido.
Comparação
Áurea Pitaluga, gerente de programação operacional da CMTC, acredita que a correlação entre a frota de veículos particulares e o transporte coletivo é desleal, visto que há uma cultura do automóvel na sociedade brasileira. “Com um carro particular e especialmente as motos, a pessoa sai de casa a hora que quer, leva o que quer e chega aonde quer, os ônibus tem os seus pontos e seus horários, é uma concorrência desleal”, afirma.
Segundo Áurea, a questão da qualidade do transporte coletivo em relação à diminuição do seu uso é deixada de lado com os dados relativos ao Citybus, utilizado em Goiânia. A ideia é a de que o Citybus é um transporte diferenciado, cômodo, rápido e de qualidade e que, mesmo assim, não houve adesão da população. “Essa comparação só poderá ser feita quando o transporte coletivo for mais rápido e mais cômodo que os veículos particulares”, diz.
Para ela, isto ocorrerá quando houver uma nova infraestrutura para os ônibus na capital, não sendo uma questão de quantidade da frota, mas de uma nova tecnologia.
“Quando for mais rápido chegar a algum local de transporte coletivo e não precisar gastar com estacionamento, as pessoas poderão migrar para os ônibus. Enquanto isso não dá para fazer a comparação”, reitera Áurea. Ela completa que a prefeitura tem a intenção e o projeto dos corredores dos ônibus e de utilização de tecnologia de tráfego rápido ao transporte coletivo.
Benjamin Jorge Rodrigues dos Santos, engenheiro, doutor em Engenharia de Transportes pela USP e professor da PUC-GO e IFG, afirma que a comparação entre a quantidade de veículos particulares e de ônibus é possível. O professor diz que há uma queda no número de usuários no transporte coletivo, que chega a 1,5% ao ano, o que indica migração para os veículos particulares. “Por um lado o motivo é a falta de qualidade do transporte coletivo, já que o serviço não está de acordo com as expectativas dos usuários e estes deveriam ser monitorados e fiscalizados com punição às empresas. Por outro lado, esse crescimento também tem a ver com a facilidade em comprar veículos particulares, a sua flexibilidade – pois os ônibus têm seus itinerários fixos – e a questão cultural, já que é bonito para a sociedade ter um carro", explica.
Benjamin relata que a possibilidade de migração inversa – ou seja, do transporte particular para o público – é a educação e conscientização da população em que o uso dos ônibus indica maior fluidez do tráfego. No entanto, ele lembra que isso só será possível se for oferecido um transporte coletivo de qualidade, o que não ocorre atualmente, segundo ele. Benjamin diz que alguns dos parâmetros a serem analisados são o tempo de espera, qualidade dos pontos de ônibus, integração das linhas e tarifas e que nenhum passageiro ande mais de 500 metros até o ponto.
Fonte: Jornal o Hoje
De acordo com a assessoria de imprensa da CMTC, desde que a companhia foi criada, em 2003, o número de passageiros no transporte público se mantém entre 800 mil e 900 mil nos dias úteis, em período sem férias. Esse total corresponde a 19 milhões de pessoas por mês, que varia de 18 milhões a 20 milhões, segundo a entidade. Em relação aos veículos particulares, segundo o Detran-GO, em 2006 havia 695.457 e no ano de 2010 o número alcançou 959.954 carros, motos, caminhões e outros meios de transporte.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em levantamento divulgado ontem, revela que em todo o Brasil a frota de veículos chega a 63,7 milhões, alta de 114% nos últimos 10 anos. O levantamento também mostra que cerca de 44% dos brasileiros utilizam o transporte público, número acima da média goiana. Segundo o estudo, as dificuldades encontradas pela população em locomover-se por meio de ônibus coletivo e metrô são as maiores causas dos investimentos em veículos particulares. Lotação e demora fazem com que as pessoas procurem seus meios próprios.
Por essas razões, o operador de caixa Genivaldo Henrique de Souza Almeida, 22 anos, resolveu desistir dos ônibus em Goiânia e comprar sua moto, há oito meses. Antes de ter a sua motocicleta, ele utilizava um ônibus por dia para ir ao trabalho e demorava cerca de 40 minutos para chegar ao local, além de outro coletivo, para a volta. “Era só um ônibus, mas no horário de pico demorava muito e era muito lotado. Eu tinha que sair 40 minutos mais cedo de casa e agora posso ficar esse tempo fazendo outras coisas ou descansando”, revela.
O agora motoqueiro ainda mostra que a aquisição do bem é uma economia. Segundo seus cálculos, Genivaldo gastava R$ 4,50 por dia para ir e volta do trabalho, mas com a moto ele gasta a metade disto. “Hoje eu gasto bem menos e passo menos raiva, tem o custo de manutenção, mas isto é pouco perto dos problemas que dá”, diz. Ele conta que uma vez o motorista bateu o ônibus e ele chegou atrasado no trabalho e em outro dia, um domingo, saiu de casa às 14h para chegar ao local em que trabalha às 15h10, mas só conseguiu estar lá às 16h, e correu o risco de ser demitido.
Comparação
Áurea Pitaluga, gerente de programação operacional da CMTC, acredita que a correlação entre a frota de veículos particulares e o transporte coletivo é desleal, visto que há uma cultura do automóvel na sociedade brasileira. “Com um carro particular e especialmente as motos, a pessoa sai de casa a hora que quer, leva o que quer e chega aonde quer, os ônibus tem os seus pontos e seus horários, é uma concorrência desleal”, afirma.
Segundo Áurea, a questão da qualidade do transporte coletivo em relação à diminuição do seu uso é deixada de lado com os dados relativos ao Citybus, utilizado em Goiânia. A ideia é a de que o Citybus é um transporte diferenciado, cômodo, rápido e de qualidade e que, mesmo assim, não houve adesão da população. “Essa comparação só poderá ser feita quando o transporte coletivo for mais rápido e mais cômodo que os veículos particulares”, diz.
Para ela, isto ocorrerá quando houver uma nova infraestrutura para os ônibus na capital, não sendo uma questão de quantidade da frota, mas de uma nova tecnologia.
“Quando for mais rápido chegar a algum local de transporte coletivo e não precisar gastar com estacionamento, as pessoas poderão migrar para os ônibus. Enquanto isso não dá para fazer a comparação”, reitera Áurea. Ela completa que a prefeitura tem a intenção e o projeto dos corredores dos ônibus e de utilização de tecnologia de tráfego rápido ao transporte coletivo.
Benjamin Jorge Rodrigues dos Santos, engenheiro, doutor em Engenharia de Transportes pela USP e professor da PUC-GO e IFG, afirma que a comparação entre a quantidade de veículos particulares e de ônibus é possível. O professor diz que há uma queda no número de usuários no transporte coletivo, que chega a 1,5% ao ano, o que indica migração para os veículos particulares. “Por um lado o motivo é a falta de qualidade do transporte coletivo, já que o serviço não está de acordo com as expectativas dos usuários e estes deveriam ser monitorados e fiscalizados com punição às empresas. Por outro lado, esse crescimento também tem a ver com a facilidade em comprar veículos particulares, a sua flexibilidade – pois os ônibus têm seus itinerários fixos – e a questão cultural, já que é bonito para a sociedade ter um carro", explica.
Benjamin relata que a possibilidade de migração inversa – ou seja, do transporte particular para o público – é a educação e conscientização da população em que o uso dos ônibus indica maior fluidez do tráfego. No entanto, ele lembra que isso só será possível se for oferecido um transporte coletivo de qualidade, o que não ocorre atualmente, segundo ele. Benjamin diz que alguns dos parâmetros a serem analisados são o tempo de espera, qualidade dos pontos de ônibus, integração das linhas e tarifas e que nenhum passageiro ande mais de 500 metros até o ponto.
Fonte: Jornal o Hoje
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