A vitória da candidatura carioca vai representar o reordenamento completo do sistema de transporte do Rio, de acordo com autoridades e especialistas ouvidos. A implementação de corredores viários ligando as 4 principais áreas de competição - Barra da Tijuca, Deodoro, Maracanã e Zona Sul diminuiria crônicos problemas de deslocamento e acessibilidade da população.
Pelo projeto da cidade, três linhas de BRT (Bus Rapid Transit, na sigla em inglês) serão construídos até 2016: Avenida Brasil, Barra-Deodoro e Barra-Ipanema. Além disso, um corredor viário de 28 quilômetros, o T5, exclusivo para ônibus articulados, também deve sair do papel. A promessa é desafogar o trânsito e beneficiar 1,5 milhão de passageiros por dia.
O novo sistema é considerado viável, mas não ideal para a cidade. Para o professor de engenharia de Transportes da PUC-RJ, José Eugênio Leal, os corredores viários são comparativamente mais baratos do que a eventual ampliação das linhas metroviárias. "Mas ainda é um sistema baseado em ônibus. Ainda que seja um sistema eficiente, ordenado, com estações próprias, é um sistema de ônibus: causa poluição, tem impacto ambiental, tem custos operacionais mais altos que outros sistemas movidos a eletricidade, como o metrô", afirmou Leal. "O sistema de ônibus da cidade precisa ser radicalmente reformulado. E isso aí não está previsto em lugar nenhum", ressaltou o professor.
Leal destaca o perigo de que os corredores viários levem o poder público a desistir de investir na ampliação das linhas de metrô. Para ele, será necessário preparar a infraestrutura para uma eventual passagem de trilhos nos locais por onde passarão os BRTs. "Se o BRT não for pensado pelo menos em uma forma modular, a longo prazo é um retrocesso, pois impede que o metrô avance. Ele atende as linhas que o metrô atenderia e, de repente, resultaria numa acomodação", afirmou Leal.
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