A obra que faz parte das ações de modernização da mobilidade no Rio de Janeiro para a Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016, e também, segundo a Prefeitura, que vai reduzir o tempo de deslocamento da população no dia a dia, aumentando também o conforto, deve ter sua primeira fase entregue em 21 de maio deste ano, enquanto tantas intervenções em outras cidades ainda estão em estágio inicial ou sequer conseguiram as licenças básicas porque são obras muito complexas.
Isso porque, hoje o BRT não é apenas um canteiro por onde passam os ônibus, o que somente isso, garantiria já velocidade aos transportes públicos.
Ele é dotado de tecnologia que aumenta ainda mais a velocidade operacional dos ônibus.
Ela não é extremamente nova, nem cara. Mas resolve, mais uma prova que para oferecer mobilidade, não é necessário secar os cofres públicos numa só obra, ainda mais em tempos que a responsabilidade fiscal, ou seja, com os gastos do dinheiro público, se torna tão importante, que sem ela, um continente aparentemente firme, a Europa, estremeceu.
Ele emite um sinal para antenas instaladas nos semáforos que fecham o fluxo para os carros de passeio e liberam para os ônibus.
Tudo é feito de maneira inteligente. O sinal é emitido a uma certa distância para que não sejam feitas paradas repentinas, evitando acidentes. O tráfego de ônibus não vai prejudicar o trânsito e causar acúmulo de carros nos semáforos. E outra coisa: a prioridade é para o transporte público, que polui menos, transporta mais gente e diminui gastos do dinheiro da população. Assim, quem optou pelo carro de passeio, que espere o ônibus passar. Afinal, o motorista particular estará sentadinho, ouvindo sua música preferida, no carro que saiu de sua garagem.
As câmeras também são instrumentos para reforçar a segurança dos passageiros e condutores em relação a acidentes e ações criminosas.
Mesmo assim, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro vai colocar homens fadados nas estações. Serão policiais em folga, que receberão oficialmente pelos serviços.
Cada estação vai receber o pagamento da passagem logo na entrada. O sistema se chama pré-embarque e diminui o tempo de parada no ônibus. Quando o passageiro entrar, já terá pago a viagem, o que aumenta a rapidez no embarque. Com isso também, haverá mais espaço no veículo que não precisará ter roleta (catraca) nas linhas troncais (principais, que vão rodar por todo o corredor).
A explicação reside no fato que, em vez de vários ônibus ficarem presos no trânsito, por contar com espaço segregado, um veículo de transporte coletivo consegue cumprir mais programações de viagens.
Outro fato real no BRT é que os ônibus são maiores, também por contarem com espaço exclusivo. Veículos articulados e biarticulados podem substituir de dois a quatro ônibus de médio porte.
È ganho de tempo e de espaço urbano. Em vez de vários ônibus irem para um determinado lugar sem a ocupação completa, fazendo o mesmo trajeto, ônibus de maior porte, mas em menor número conseguem levar esta demanda sem prejudicar o conforto dos passageiros. Já com trajetos menores, os ônibus em linhas alimentadoras conseguem fazer mais viagens nos bairros e enfrentam menos trânsito.
Assim, o BRT alia tecnologia e avanços na área técnica e inteligência no planejamento das linhas e distribuição da frota.
Isso significa dizer que o problema dos transportes nas grandes cidades não é falta de ônibus. Na verdade, ônibus tem bastante já nas cidades, Faltam espaços exclusivos e inteligência no gerenciamento da frota.
Exemplos são as estações-tubo de Curitiba, uma solução simples implantada em 1991.
No BRT Transoeste, o primeiro dos quatro sistemas de corredores exclusivos rápidos que serão implantados, o princípio é o mesmo de Curitiba, só que com mais equipamentos.
O usuário paga a passagem antes de entrar na estação, com bilhete eletrônico, como se fosse um cartão de crédito. Ele fica protegido de sol, chuva e outras ações do clima.
Pode esperar o ônibus sentado. As estações terão telões que informam as linhas, os itinerários e a previsão de chegada de cada ônibus.
O piso da estação é no mesmo nível do assoalho dos ônibus.
Igual Curitiba, o ônibus para com suas portas na mesma direção da porta da estação, que é de vidro, e se abre primeiro.
O ônibus desce uma rampa e depois abre suas portas.
Os veículos são dotados do que é de mais moderno na indústria nacional em relação ao segmento de ônibus urbanos.
Há espaços para cadeira de rodas, cão guia acompanhante de pessoas com limitações na visão, mais espaço interno, poltronas anatômicas, lâmpadas de led, televisores lcd com programação especial para os passageiros, quatro câmeras que vão ajudar o motorista a controlar o acesso dos passageiros e câmera de ré para facilitar as manobras e evitar acidentes.
Os ônibus possuem computador de bordo, que informam ao motorista e à garagem em tempo real dados operacionais, inclusive problemas mecânicos, elétricos e de dirigibilidade que podem ser corrigidos com ações simples.
A transmissão é automática. Isso evita que o motorista de ônibus faça as diversas trocas de marchas em sua jornada diária e minimiza trancos sentidos pelos passageiros.
Isso permite que o sistema seja dividido em linhas expressas e paradoras. E é o que vai ocorrer no Transoeste.
Dos 40 ônibus BRT especiais, 23 serão expressos. Ou seja, a viagem vai ser mais rápida ainda.
Depois de inaugurado completamente, o tempo de viagem oferecido pelo corredor, com as linhas paradoras será de uma hora e cinco minutos, metade do que é necessário hoje para percorrer o mesmo trajeto de ônibus. O BRT vai ser mais rápido que o carro de passeio na mesma ligação, o que mostra que corredores de ônibus bem planejados e não somente faixas pintadas na rua que podem ser invadidas por veículos convencionais ou corredores sem pontos de ultrapassagem podem ser mais eficientes que os transportes individuais, convencendo muita gente a deixar o carro em casa: um dos principais objetivos de uma política pública que pensa no ir e vir das pessoas com qualidade, economia, rapidez e com menores impactos ambientais.
O BRT Transoeste vai operar 24 horas por dia.
Nos horários de pico, os intervalos do parador serão de dez minutos e os do expresso de cinco minutos.
O parador funciona 24 horas por dia e o expresso das 5 da manhã a uma da madrugada.
Serão três no período de duas horas. Nos outros sistemas são duas viagens.
Isso porque as linhas alimentadores não vão contar a viagem feita anteriormente ou posteriormente no BRT.
Todas as linhas alimentadoras terão no final do número letra A.
Os ônibus das linhas alimentadoras serão modernizados e em um ano todos terão ar condicionado e serão de motor traseiro.
Em caso de quebra dos ônibus de BRT ou mesmo acidente, simulações comprovam que em até 30 minutos os problemas mais sérios podem ser solucionados com a remoção dos veículos.
Além do Transoeste, o Rio de Janeiro terá outros três sistemas de BRT.
Os BRTS do Rio de Janeiro podem não ser a solução única para todos os problemas de mobilidade do País, mas são excelentes exemplos de que sim, é possível fazer muito pelo ir e vir das pessoas, sem causar gastos excessivos nos cofres públicos.
O que um outro tipo de modal pode transportar a mais que o BRT muitas vezes não justifica a diferença maior de tempo e de custo não só de implantação, mas de operação também.
Por Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.