O levantamento sobre mobilidade urbana faz parte de uma série de sete pesquisas que integram o Sistema de Indicadores de Percepção Social (Sips). Segundo o presidente do Ipea, Márcio Pochmann, os dados servirão como instrumento para a construção de políticas públicas.
Para chegar aos indicadores, o Ipea entrevistou 2.770 pessoas em todos os estados do país. A Região Sudeste foi a que apresentou o maior percentual de usuários do transporte público, alcançando 50,7%. No Nordeste, por exemplo, o índice é de apenas 37,5%. “Isso é resultado de uma composição de fatores. Aqui estão as maiores cidades, consequentemente, a demanda se concentra em territórios onde as pessoas precisam percorrer mais distâncias, sem possuir carros”, aponta o mestre em Transporte e doutor em Demografia pela UFMG David Magalhães.
Apesar da crescente importância do transporte público, a quantidade de ônibus em circulação em Minas Gerais aumentou menos, de 2000 a 2010, que a quantidade de veículos particulares. Isso reflete uma tendência nacional, que é ainda mais notável na Região Sudeste do país.
A pesquisa aponta que em Minas hoje existe um ônibus para cada 351 habitantes, sendo que em 2000 era um para 549. Isso representa um aumento na oferta de coletivos superior a 36%. Já levando em consideração os registros de carros, a proporção atual é de um automóvel para cada 8,7 habitantes, enquanto há dez anos era de 5,1, crescimento maior que 70%. “O transporte coletivo cresceu bem menos que a aquisição de veículos. A população se mostra interessada em usar o transporte público, mas opta pelo transporte individual pela falta de qualidade”, aponta Márcio Pochmann.
Os três fatores que mais pesam para as pessoas na hora de escolher como se deslocar são a rapidez da chegada até o destino, os custos da viagem e a comodidade do transporte. Para melhorar esses quesitos, as maiores cidades do Sudeste apostam no crescimento das operações por integração, combinando viagens de ônibus e metrô. “Investimentos em metrô, veículos leves sobre trilhos e trem, que integram e comportam mais pessoas, são mais rápidos e poluem menos, podem ser soluções diante da impossibilidade de se reduzir a concentração populacional das metrópoles”, opina o presidente do Ipea.