O setor de transporte de passageiros sobre trilhos brasileiro registrou aumento de 28% na quantidade de pessoas transportadas em 2022, com relação a 2021. A movimentação atingiu 2,3 bilhões de passageiros, superando o transporte de 1,8 bilhão de pessoas no ano anterior. Os dados fazem parte do Balanço do Setor Metroferroviário Brasileiro 2022, divulgado hoje pela Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos).
“No ano de 2022, após três anos de impacto da Covid-19, que marcou a maior crise setorial da história do transporte público, os operadores metroferroviários finalizaram o ano com um crescimento de 28% em relação aos passageiros transportadas no ano anterior. A crise sanitária trouxe uma nova dinâmica para as cidades, como a adoção de trabalho híbrido e remoto pelas empresas, o que reflete consideravelmente no volume de passageiros que utilizam os sistemas de metrô, trem urbano, VLT e monotrilho, já que o principal motivo de uso desse modo é para os deslocamentos casa-trabalho”, explica Roberta Marchesi, Diretora Executiva da ANPTrilhos.
Os números positivos do setor também estão na expansão da malha metroferroviária que cresceu 22,7 km, com sete estações inauguradas em Fortaleza, Natal, João Pessoa e São Paulo.
Ao todo, são 1.129,4 km de trilhos urbanos e 629 estações em todo o Brasil.
Em relação à performance setorial, os índices demonstram desempenho positivo das operações com 99,8% de confiabilidade e 97% de regularidade na prestação de serviços em 2022. “O setor metroferroviário de passageiros manteve os seus indicadores e apresenta os melhores índices de mobilidade do país, tanto em termos de viagens programadas realizadas, quanto de cumprimento de horários previstos”, explica Roberta Marchesi.
Em relação aos desafios para 2023, Roberta ressalta: “O grande desafio para 2023 está na área regulatória. É preciso dar continuidade ao avanço das discussões em torno do novo marco regulatório do transporte público, para que se possa trazer diretrizes adequadas à realidade atual do financiamento e da operação do setor no Brasil. Também é fundamental que o Governo Federal volte seu olhar para o transporte ferroviário regional de passageiros. Esse será o primeiro passo para a retomada desse segmento através da publicação da Política Nacional do Transporte Ferroviário de Passageiros (PNTFP)”.
Ela destaca também que é necessário avançar com o planejamento de longo prazo para a continuidade dos projetos e dos investimentos em transporte estruturante de passageiros sobre trilhos. “Somente desta maneira conseguiremos dotar nossas cidades de uma mobilidade adequada. Dessa forma, que tenha como reflexos a melhoria da qualidade de vida do cidadão e da qualidade ambiental de nossas cidades”, finaliza.
Acesso ao transporte metroferroviário
O Brasil conta atualmente com 21 sistemas urbanos de transporte sobre trilhos, em 11 estados e no Distrito Federal. Eles são operados por 16 empresas, sendo 8 delas concessionárias privadas.
O acesso ao transporte de passageiros sobre trilhos só está presente em 53% das cidades brasileiras com mais de 1 milhão de habitantes e em 39% das regiões metropolitanas, Regiões Integradas de Desenvolvimento (Rides) e aglomerações urbanas com esse mesmo volume de moradores.
“Infelizmente, esse cenário revela que o acesso ao transporte metroferroviário é limitado nas cidades e regiões de grande concentração urbana. E se torna mais preocupante uma vez que, todas as cidades onde os sistemas estão presentes, as redes existentes são insuficientes para atender à demanda de deslocamentos da população”, explica a Diretora Executiva da ANPTrilhos.
Performance setorial
Assim como em anos anteriores, o setor metroferroviário apresentou os melhores indicadores de mobilidade do Brasil, em relação ao cumprimento dos horários previstos e à regularidade das viagens programadas. Isso mostra que setor manteve os níveis de excelência de seus serviços, mesmo diante do crescimento expressivo na quantidade de pessoas transportadas. Os principais indicadores são:
5,2 bilhões de lugares ofertados (+10% em relação a 2021)
99,8% de confiabilidade do setor
97% de regularidade na prestação dos serviços
12 milhões de horas de trabalho foram dedicadas à manutenção dos sistemas
Participação Regional dos trilhos urbanos
O Balanço do Setor Metroferroviário Brasileiro 2022 apresenta ainda os recortes estaduais de São Paulo e Rio de Janeiro e da Região Nordeste, com relação ao volume de passageiros, extensões, linhas e estações.
São Paulo conta com 388,7 km de malha metroferroviária, 202 estações e 14 linhas que transportaram 1,7 bilhão de passageiros em 2022, um crescimento de 31% em relação a 2021. Já o Rio de Janeiro conta com 287,5 km de linhas, 174 estações e 13 linhas, transportando 323 milhões de passageiros em 2022, o que representa um aumento de 29% em relação ao ano anterior.
Enquanto a Região Nordeste foi responsável pelo transporte de 166 milhões de passageiros em 2022, em seus 342,1 km de malha metroferroviária, 184 estações e 15 linhas.
A maior extensão da rede metroferroviária brasileira está na região Sudeste. Ela representa 62,3% da extensão total; seguida das regiões Nordeste com 30,3%, Sul com 3,9% e Centro-Oeste com 3,5%.
Projetos e perspectivas
O Brasil conta com 13 obras de metrô, trem urbano, Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), monotrilho assim como aeromóvel em andamento nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia e São Paulo. Ou seja, são obras de ampliação e implantação de linhas e estações. Dentre essas obras, há inaugurações previstas para 2023 nos quatro estados, totalizando 15,6 km de trilhos e 9 estações. Nesse sentido, com o término das 13 obras em andamento, a previsão é de que 91 km e 77 estações sejam incorporados aos sistemas de transporte urbano de passageiros sobre trilhos do país nos próximos anos.
“Para 2023, estamos otimistas, vislumbrando a continuidade e a aceleração desse ritmo de crescimento. O setor tem hoje 13 projetos em andamento e, quando estiverem totalmente finalizados, representarão um incremento de quase 10% na malha brasileira”, explica Roberta.
Em relação às concessões, a ANPTrilhos apresenta nove projetos que refletem as iniciativas bem como as perspectivas em andamento. A continuidade deles está sujeita ao posicionamento e decisão dos novos governos federal e estaduais que assumiram o país em janeiro de 2023.
Perfil médio do passageiro
As mulheres representam o maior número de passageiros que utilizam as linhas de transporte urbano sobre trilhos em todo o país. Elas representam 55% das pessoas transportadas, enquanto os homens somam 45%. Conforme a faixa etária dos passageiros, a maioria tem idade entre 25 e 34 anos.
“Apesar das mudanças nas formas de trabalho diante da pandemia, o uso dos sistemas sobre trilhos para fins de trabalho permanece predominante, com 63% dos passageiros”, relata Roberta Marchesi.
Força de trabalho
O setor metroferroviário brasileiro foi responsável pelo emprego formal de 38,2 mil pessoas. Ou seja, uma alta de 7,3% na comparação com o ano anterior. O resultado do setor se mostra superior ao crescimento de 5,01%, obtido pelo conjunto da economia brasileira em 2022, quanto às vagas com carteiras assinadas. Os dados são do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged).
Participação Feminina
O setor metroferroviário é receptivo com o público feminino e, naturalmente, a presença das mulheres vem aumentando a cada ano. Atualmente, mais de 7,3 mil mulheres integram as empresas que operam os sistemas de transporte de passageiros sobre trilhos em todo o Brasil. Ou seja, esse número representa cerca de 25% do total da força de trabalho empregada diretamente por essas empresas. Desse total de mulheres, 14% ocupam algum cargo de liderança direta (gerente, supervisora, coordenadora ou diretora).
Benefícios do transporte metroferroviário
Os benefícios gerados pelo transporte de passageiros sobre trilhos são amplamente reconhecidos bem como apreciados pela sociedade. Rapidez nos deslocamentos, com previsibilidade, redução nos riscos de acidentes e dos impactos ambientais negativos são alguns exemplos.
Esses são alguns fatores que permitem estimar que o uso do transporte urbano de passageiros sobre trilhos, em 2022, retornou à sociedade brasileira mais de R$ 30 bilhões, em termos sociais, econômicos assim como de qualidade de vida. Conheça os principais números dos benefícios deste setor:
Redução de 1,3 bilhão de horas nos deslocamentos
Economia de R$ 379 milhões em custos com acidentes
Economia de 1 bilhão de litros de combustível fóssil
Economia de R$ 10 bilhões com a retirada de ônibus e carros das ruas
Redução de 2,1 milhões de toneladas na emissão de poluentes na atmosfera
Informações: Portal do Transito