Para o professor, o ponto chave para o início das mudanças é o pedágio urbano. “Sem ele, não vamos conseguir sair da situação existente hoje. Ele tem dupla função: desestimula o automóvel e gera dinheiro para uma implantação mais acelerada do metrô”.
A urbanista Nádia Somek também acredita que são necessárias medidas regulatórias, como o aumento dos dias ou horários do rodízio de veículos. Entretanto, ela ressalta que atitudes municipais e locais não adiantam muito enquanto o estado e a região metropolitana continuarem sendo o centro das riquezas do país.
“Quanto mais rápido for implantado o pedágio, mais rápido a situação começaria a melhorar. Entretanto, essa medida é polêmica, e é necessária coragem política para defendê-la e implantá-la”. O professor acredita, porém, que a maior parte da população seria a favor. “Cerca de 60% das pessoas não usam o automóvel, portanto não seriam afetadas pela medida. E, entre os outros 40%, metade concordaria ao perceber que não há solução”.
“O sistema viário de São Paulo é um gigantesco problema, pois está esgotado e privilegia os carros e motos. Acaba sendo mais barato comprar uma moto do que andar de ônibus”, considera Cândido Malta.
“Não podemos pensar que as indústrias vão querer deixar de produzir automóveis. Mas elas não perceberam que se continuar assim ninguém mais vai sair do lugar. Para que haja espaço para novos automóveis é preciso investimento no transporte coletivo”.
Ela cita como exemplo dessa necessidade o aumento dos congestionamentos quando chove na capital. “O problema não é apenas a chuva. Quando chove, as pessoas não querem se molhar. Como falta transporte público, elas acabam andando mais de carro, aumentando o fluxo de veículos”.