A redução nas tarifas das barcas entre Niterói e o Rio provocou efeitos distintos no fluxo de passageiros nas estações Charitas e Arariboia. De acordo com os dados da Secretaria de Transporte Estadual (Setram), em abril de 2025 a linha Charitas–Praça XV registrou uma média diária de 3.190 embarques em dias úteis, um aumento de 57% em relação ao mesmo mês de 2024, quando o número foi de 2.021. Já na estação Arariboia, o movimento caiu de 18.736 para 16.193 passageiros por dia no mesmo período. A movimentação da Ponte Rio-Niterói, na comparação com o mesmo período, se manteve estável. A diminuição de veículos rodando na via era uma aposta do governo e da prefeitura de Niterói.
De acordo com o município, o trânsito na região de Charitas melhorou, e dados de monitoramento do Centro de Controle de Operações (CCO NitTrans) mostram que, no comparativo entre a primeira semana do mês de março e o mesmo período de abril, houve uma redução de cerca de seis mil veículos nas ruas, considerando-se a contagem de veículos no trecho da Avenida Quintino Bocaiúva, em Charitas.
As reduções nas tarifas ocorreram após a troca da concessão do sistema aquaviário, que passou a ser operado, desde fevereiro deste ano, pelo Consórcio Barcas Rio. Pouco depois, em 6 de março, a Prefeitura de Niterói anunciou a redução da passagem da linha Charitas–Praça XV, de R$ 21 para R$ 7,70, por meio de subsídio municipal. No dia 24 de março, o governo estadual anunciou também uma redução tarifária na linha Arariboia-Praça XV, de R$ 7,70 para R$ 4,70. Os dados de março já apontavam a tendência que se confirmou em abril: a linha Charitas saltou de 1.891 para 3.080 embarques diários, enquanto a Arariboia recuou de 17.447 para 15.971 passageiros por dia útil.
Segundo a Setram, o comportamento dos usuários está sendo monitorado em parceria com o consórcio Barcas Rio, e uma pesquisa está em andamento para mapear os padrões de deslocamento. A Setram também informou que um estudo técnico avalia ainda a viabilidade de criação de uma nova linha aquaviária entre a Praça XV e o terminal rodoviário da Ilha do Governador, com possibilidade de atender usuários dos aeroportos Santos Dumont e Galeão.
A professora Thêmis Aragão, do Ibmec-RJ, destacou que a redução na tarifa das barcas gerou um aumento imediato de usuários, mas isso não transforma, por si só, toda a estrutura do transporte público. Segundo ela, é provável que haja uma migração de passageiros dos ônibus para as barcas, mas não uma queda imediata no uso de carros, já que o sistema de transporte metropolitano ainda é muito fragmentado, com pouca integração entre os modais e sem planejamento voltado para a circulação geral da população. Para ela, é preciso um redesenho do sistema com foco em integração tarifária e mobilidade em toda a Região Metropolitana, e não apenas no deslocamento da periferia ao centro.
— Ainda falta muito investimento, e o transporte continua sendo um grande problema metropolitano— avalia.
Já na Ponte Rio-Niterói, até agora, não foram observados efeitos da mudança tarifária no fluxo de veículos. Em abril de 2025, a média diária de veículos na ponte foi de 150.488 — ligeiramente abaixo dos 153.164 registrados no mesmo mês de 2024. Apesar da queda, os técnicos da concessionária apontaram os feriados e recessos de abril como a principal causa para a leve diminuição no fluxo. No horário de pico da manhã, o tempo médio de travessia se manteve estável: 16,42 minutos em 2024 contra 16,58 minutos este ano. À tarde, a situação foi a mesma: média de 21,07 minutos, no ano passado, e 21,08 minutos em abril de 2025.
Informações: O Globo
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