A Mercedes-Benz do Brasil aguarda o pagamento de R$ 300 milhões referentes à entrega de 175 ônibus elétricos para o sistema de transporte público da cidade de São Paulo. O valor corresponde ao fornecimento realizado em 2023 para as empresas operadoras Viação Metrópole Paulista, Sambaíba e MobiBrasil. No entanto, o repasse não foi efetuado em função do modelo de financiamento adotado pela prefeitura, que condiciona o pagamento à conclusão total do projeto, incluindo a infraestrutura de recarga e fornecimento de energia, responsabilidade da Enel.
Segundo Walter Barbosa, vice-presidente de Vendas, Marketing e Peças & Serviços para ônibus da Mercedes-Benz, o entrave está relacionado ao conceito de subvenção do tipo turnkey (chave na mão), no qual o pagamento só é realizado após a entrega completa da solução, com veículos em operação e infraestrutura funcional. Caso algum dos parceiros do projeto não cumpra sua parte, o pagamento ao fabricante do ônibus também é retido.
“Não é uma dívida no sentido tradicional, porque está previsto no modelo de negócio. Mas é um custo financeiro significativo. O fabricante entra primeiro na cadeia, com a produção do ônibus. Depois, o chassi vai para o encarroçador, onde fica cerca de 90 dias. Se houver demora na infraestrutura, o impacto financeiro aumenta”, afirmou Barbosa, em entrevista ao portal Diário do Transporte.
A Mercedes-Benz propõe uma mudança nesse modelo, defendendo que o financiamento dos veículos elétricos seja desvinculado da infraestrutura de recarga. A fabricante está em diálogo com o BNDES e com o poder público para viabilizar novas alternativas de financiamento.
Contudo, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, afirmou que não pretende alterar a lógica atual de subvenção. Em entrevista ao mesmo portal, Nunes defendeu o modelo como ferramenta de controle e integração da cadeia de eletrificação do transporte coletivo na cidade.
Novo financiamento com Banco da China
Enquanto os pagamentos pendentes seguem em discussão, a Prefeitura de São Paulo avança em novas negociações para financiar a expansão da frota de ônibus elétricos. Em missão oficial à China e ao Japão, o prefeito Ricardo Nunes anunciou a concretização de uma linha de crédito de US$ 100 milhões com o Banco da China, voltada exclusivamente para a aquisição de novos veículos elétricos.
“Só depende agora do envio de alguns documentos. Já batemos o martelo em relação aos US$ 100 milhões”, disse o prefeito, que permanece em missão até o dia 1º de maio. O acordo, segundo Nunes, prevê condições vantajosas, com juros menores do que os praticados por outros bancos internacionais e parcelamento em até 10 anos.
O financiamento deve ser utilizado principalmente para a compra de ônibus elétricos fabricados por empresas chinesas com produção no Brasil. O prefeito também destacou a economia operacional desses veículos: enquanto um ônibus a diesel gera um custo mensal de R$ 25 mil, o elétrico consome cerca de R$ 5 mil, o que representa uma economia de R$ 240 mil por ano por unidade. Ao longo dos 10 anos de financiamento, essa economia pode chegar a R$ 2,4 milhões por ônibus.
Segundo a SPTrans, até março de 2025, a cidade de São Paulo contava com 449 ônibus elétricos em operação, incluindo 200 trólebus. A Mercedes-Benz participa com 106 veículos do modelo eO500U e outros 82 chassis fornecidos à Eletra, que realiza a eletrificação da carroceria.
Apesar do avanço em novos financiamentos, o cenário atual evidencia os desafios de coordenação entre os diversos agentes envolvidos na eletrificação do transporte coletivo, incluindo montadoras, operadoras, concessionárias de energia e o poder público.
Informações: Insideevs
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