A aceleração da inflação em 2015 deve resultar em um forte aumento das passagens de ônibus do Rio. Se a fórmula dos contratos de concessão do transporte for realmente usada para definir o percentual do reajuste, previsto para janeiro, a tarifa básica dos coletivos municipais deverá passar dos atuais R$ 3,40 para R$ 3,70 nos primeiros dias de 2016.
Com o índice de inflação INPC acumulado em 12 meses, até novembro, de 10,97%, divulgado ontem pelo IBGE, a fórmula contratual aponta para um reajuste de 8,33%, acima dos 6,23% do ano passado. Entretanto, como em dezembro de 2014, além dos 6,23% previstos no contrato, que dariam tarifa de R$ 3,18, a prefeitura incluiu mais R$ 0,13, para cobrir o custo de gratuidades, e R$ 0,06, para a instalação de ar-condicionado nos coletivos. Com isso, a passagem acabou passando de R$ 3,00 para R$ 3,40 (alta de 13,3%), em janeiro.
Perguntada se, para o reajuste de 2016, estuda incluir acréscimo ou redução de algum valor sobre o percentual definido pela fórmula, a Secretaria Municipal de Transportes informou que “não há definição sobre a tarifa de ônibus até o momento”.
Para o especialista em mobilidade urbana da Uerj Alexandre Rojas, ainda é cedo para que eventuais reduções de custos das empresas, com a retirada dos ônibus das ruas proporcionada pelo projeto em curso de reestruturação das linhas, tenham impacto neste reajuste. Ele avalia, no entanto, que a prefeitura deveria transferir parte desses ganhos para o passageiro a partir do ano que vem. “Deveria aferir qual foi a efetiva redução de custos e estipular novos investimentos ou reduzir a tarifa”, disse ele, que calculou o aumento pela fórmula contratual, a pedido do DIA.
Já Aurélio Murta, especialista em Sistemas de Transporte da UFF, ressalta que a tarifa deveria ser discutida além da simples fórmula, que mede a variação de preços de mão de obra, ônibus, pneus e diesel. “Minha avaliação é que os governos deveriam discutir redução dos impostos que atingem o custo das empresas de transporte para evitar a alta de tarifas de um serviço tão essencial. Para isso, é preciso mudança na legislação, mas tem de ser feito”, avalia Murta.
Técnicos que acompanham as definições sobre o valor da passagem dizem que a prefeitura pode também decidir por uma revisão extraordinária das tarifas, alterando o valor da passagem após analisar as planilhas de custos dos consórcios.
Novas mudanças neste sábado
A última etapa das mudanças nos ônibus deste ano está prevista para este sábado. Serão eliminados seis itinerários, que serão substituídos por duas grandes linhas circulares, que praticamente darão a volta por toda a Zona Sul.
A Circular 1 (Leblon - Cosme Velho) passará por Ipanema, Copacabana, Urca, Largo do Machado, Laranjeiras, Cosme Velho, Rebouças e Gávea. Já a Circular 2 (Leblon - Urca) fará o trajeto no sentido inverso, passando por Jardim Botânico, Rebouças, Laranjeiras, Urca, Copacabana, Ipanema e Leblon.
No mesmo dia, serão eliminadas as linhas: 511, 512, 569, 570, 573 e 574. Já a 513 terá seu trajeto prolongado até o Humaitá. Desde o início das mudanças, em outubro, segundo a Secretaria Municipal de Transportes, houve redução de cerca de 10% de ônibus circulando pelos corredores BRS de Copacabana, e 20%, nos do Centro. O objetivo é reduzir em até 35% o número de coletivos que cruzam a Zona Sul, acabando com as linhas sobrepostas e melhorando o trânsito.
Por Claudio Souza
Informações: O Dia
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