Inaugurado há um mês, o BRT Transcarioca já é visto por comerciantes como uma espécie de oásis da economia carioca nas zonas Norte e Oeste. De olho no vaivém frenético de pessoas ao longo do corredor expresso, que corta 27 bairros e está orçado em R$ 1,9 bilhão, novos empreendimentos estão surgindo e outros, tradicionais, reformados.
Com a nova via expressa, está havendo uma revitalização da região. A faixa para ônibus articulado, de 39 quilômetros, que liga a Barra ao Aeroporto do Galeão, na Ilha, transporta hoje cerca de 23 mil passageiros por dia, mas a meta é atingir a marca de 320 mil.
Nas imediações da estação de Vicente de Carvalho, na divisa com Vaz Lobo, numa área que estava degradada economicamente há décadas, Roberto Tavares, de 36 anos, e seu amigo Felipe de Souza, 33, abriram uma choperia, a Bicho Frouxo.
Eles investiram R$ 300 mil no térreo de um prédio que estava abandonado há 30 anos. O novo comércio, que tem como carros-chefes o chope e cervejas especiais, já gerou 15 empregos.
Roberto Tavares explica que confia no sucesso do Transcarioca. “Para nossa surpresa, o estabelecimento, com capacidade para 200 clientes, tem ficado lotado desde a abertura (dia 12)”, afirma o comerciante.
Na Praça Seca, em Jacarepaguá, a empresária Thaís Coimbra, de 23 anos, espera ansiosa pela abertura da estação local do Transcarioca. Ela conta que foram aplicados R$ 270 mil na franquia da cafeteria e confeitaria Megamatte, na Rua Baronesa, a menos de 50 metros do ponto de embarque e desembarque do BRT.
Thaís prevê que brevemente terá o retorno desejado. “Não vemos a hora de recuperar o investimento com a atração de mais clientes. Estamos otimistas”, diz ela, ao lado da xará Thais Lima, de 19 anos, que conseguiu seu primeiro emprego no novo estabelecimento, e Márcia Pereira, 29 anos, contratada para fazer sucos.
Imóveis já se valorizaram na região
Para o economista Gilberto Braga, do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), o crescimento econômico ao redor da Transcarioca já é realidade e irreversível.
“A tendência é de crescimento constante, beneficiando todos os tipos de ramos, principalmente o alimentício, de vestuário e hoteleiro”, ressalta Gilberto Braga.
Nos classificados impressos e pela internet, nota-se como a Transcarioca é usada nas negociações para a valorização — de até 150%, segundo representantes do setor — de terrenos, casas e apartamentos. “Vende-se loja na Taquara, próximo à estação do BRT: R$ 300 mil”, lê-se num deles.
Receita de sucesso e empurrãozinho da Transcarioca
Com uma receita de sucesso à base de bacalhau, a Adega D’Ouro, em Vicente Carvalho, não precisou de investimento para aumentar a clientela em 20% depois da Transcarioca. Aliado a um dos melhores bolinhos e postas de bacalhau, o incremento pode estar relacionado à localização do estabelecimento: fica em frente à estação de transferência entre o BRT e o Metrô.
O português Manoel Gonçalves, o Neca, de 72 anos, dono da Adega, conta que a via expressa foi um dos fortes incrementos nos 47 anos da casa. “Passamos por fase difícil, mas ganhamos fregueses, trazidos pelo BRT”, atesta Neca, brindando com dois comerciantes da região, Sandro Azevedo e Sérgio Davico.
Em Ramos, a via inspira comerciantes antigos a reformar lojas. É o caso da Mataraza, de hidráulica e ferragens, que funciona há 40 anos na Rua Cardoso de Morais. “A estação da Transcarioca é no meu quintal. Vai trazer muitos fregueses”, diz um dos donos, Vicente La Ruina.
Chineses abrem lojas no Mercadão de Madureira
Também na Praça Seca, a rede de drogarias Pacheco está construindo uma nova filial, na porta da estação do BRT. Em Madureira, os comerciantes, depois de passarem por um período difícil por causa das obras, quando as vendas caíram até 70%, agora comemoram.
“Já registramos até 30% de aumento de clientes”, comenta Marcelo da Silva, 35, gerente da loja de roupas Vitrine, ao lado da estação do BRT.
No Mercadão de Madureira, o entusiasmo tomou conta dos chineses. “Trinta deles abriram novas lojas, de diferentes ramos, planejando receber, em breve, passageiros do BRT que passarem pelo Mercadão”, diz a coordenadora de marketing, Sheila Reis.
Por Francisco Edson Alves
Informações: O Dia
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