A diferença entre o transporte público brasileiro e o de países como França, Alemanha e Estados Unidos vai além da qualidade. Enquanto Belo Horizonte não subsidia nada do valor da passagem de ônibus, e a maior metrópole do Brasil, São Paulo, paga apenas 10%, em Nova York, 70% da tarifa é subsidiada. Assim, no Brasil, tudo cai na conta do usuário, que convive com um sistema coletivo caro e problemático. Por isso, o país do futebol se transformou, há duas semanas, na nação dos protestos após a tarifa em São Paulo ter sido reajustada.
A revolta da população começou a produzir efeito entre os governantes. Cerca de 60 cidades brasileiras diminuíram suas tarifas. Nesta semana, o prefeito Marcio Lacerda anunciou a redução de R$ 0,10 nas passagens da capital, mas para agosto. O governador Antonio Anastasia baixou as tarifas do sistema metropolitano em 3,65% a partir de 1º de julho. Os valores cobrem despesas com pessoal, combustíveis, manutenção dos veículos, reposição da frota, garagens e impostos.
Mas nem a Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) nem o Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) – responsável pelo sistema intermunicipal – revelam o “peso” de cada um desses itens na composição tarifária. Os sindicatos das empresas de ônibus também não informaram os faturamentos anuais.
Porém, sabe-se que tanto o governo estadual como o municipal não pagam subsídios para as empresas reduzirem as tarifas, que são 100% custeadas pelos usuários. “Desde 2008, Belo Horizonte não tem mais a câmara de compensação tarifária. Nós ajudamos com o passe estudantil em 50% e as gratuidades”, explicou o presidente da BHTrans, Ramon Victor Cesar.
“Não basta reduzir a passagem em centavos. Eu quero é parar de esperar durante três horas por um ônibus que não para no ponto por estar superlotado”, reclamou a doméstica Cleonice Carlos, 35. Ela mora em Ribeirão das Neves, na região metropolitana da capital, e precisa usar quatro ônibus por dia para chegar ao trabalho, na capital.
Para o engenheiro Juan Carlos Horta, especialista em trânsito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ainda há muito a ser feito para se ter um transporte de qualidade no país. “É necessário que o sistema seja reestruturado para atender, primeiro, às necessidades básicas da população e, depois disso, ter lucro, se for o caso. Mas aqui não funciona assim”, analisou. (Com Rodrigo Freitas)
Informações: O Tempo
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