Passageiros, cuidado com o vão entre o trem e a plataforma. Na estreia nesta sexta-feira do "geladão chinês" do metrô, na Linha 2, o tradicional alerta nunca valeu tanto: há desnível de pelo menos dez centímetros entre o vagão e a plataforma, criando um degrau, obstáculo para cadeirantes e risco para idosos. O próximo metrô chinês entra em circulação daqui a um mês.
Já a temperatura, tradicional motivo de queixa por causa do calor, foi razão de elogio dessa vez. Assim, o ‘dragão chinês’ virou ‘geladão chinês’. “É clima de montanha. Está bem geladinho”, elogiou o operador de estoque Carlos Henrique de Sousa Pinto, 32, que circulou ontem nas duas únicas viagens do trem. “Me preocupei com o desnível do vagão para a plataforma. É perigoso”, completou.
Visual moderno e painel eletrônico das estações agradaram aos passageiros | Foto: Fábio Gonçalves / Agência O Dia |
O novo metrô partiu da Estação Estácio e foi até a Pavuna, e depois seguiu para Botafogo. Quem quiser fazer um ‘test-drive’ no geladão chinês da Linha 2 é só embarcar hoje, de 5h à meia-noite. Amanhã, vai circular de 7h a 23h. A partir de segunda-feira, nos dias úteis, será das 10h às 15h e depois de 21h a meia-noite.
O presidente da concessionária MetrôRio, Flávio Almada, minimizou o "degrau" e disse que o peso dos passageiros fará o vagão ficar nivelado: “Há um sistema eletrônico nos trens que permite que, ao chegarem às estações, não haja o desnível. O próprio peso dos passageiros faria os trens ‘cederem’ e atingirem o nível da plataforma”, justificou.
A assessoria da empresa, no entanto, afirmou que o trem está em fase de ajustes ainda. Em julho, O DIA noticiou que havia o desnível, percebido durante teste do trem chinês aberto à imprensa.
Na época, a concessionária afirmou que a diferença seria ajustada até o início da operação, o que não aconteceu. O promotor Carlos Andresano, da Promotoria de Defesa do Consumidor do Ministério Público, vai cobrar explicação da MetrôRio.
Com a entrada em circulação do novo trem, Almada afirma que já haverá redução no tempo de espera pelo metrô: “A população vai começar a não sentir a lotação”.
O visual futurista, a limpeza, e o espaço mais amplo na composição — agora os vagões são interligados — mereceram elogios dos passageiros. Para os baixinhos, o mimo do pega-mão projetado para usuários de 1,65 metro fez sucesso.
“Viajava com desconforto, pois as barras eram altas. Agora não preciso mais fazer esforço”, comemorou o auxiliar administrativo Roberval Marinho, de 1,60 metro e 39 anos.
Viagem, só de casaco
Acostumados a derreter sob o calor do metrô lotado da Linha 2, os passageiros se assustaram com ar-condicionado novo: o vagão ficou gelado, ‘clima de Sibéria’, cidade russa famosa pelo frio de até 50 graus negativos. A promessa é que, no verão, não importa a temperatura lá fora, dentro do metrô fará 23 graus.
“Logo ao embarcar na Estação Pavuna, senti a diferença. O novo trem é mais bonito e confortável, mas o nome geladão pode ser levado à risca, pois aqui dentro faz muito frio. Viajar aqui, só de casaco”, destacou a esteticista Monique Santos, 25 anos.
O painel eletrônico sobre as portas, que indica qual a próxima estação e de qual lado a porta vai se abrir, fez sucesso. Ponto negativo foi a redução de 46 para 38 assentos por vagão, dispostos de forma a criar um corredor maior.
“Gostei dos painéis, mas há espaços vazios para pessoas em pé. Poderiam colocar assentos. Não vai adiantar mais sair da Pavuna e seguir até Engenheiro Rubens Paiva para voltar e viajar sentado”, lamentou Mário Silveira, 40.
Mais 60 trens à vista
Vêm aí mais trens novos para os passageiros da SuperVia. Durante a inauguração do novo metrô, o governador Sérgio Cabral anunciou que dia 5 vai assinar empréstimo de 600 milhões de dólares do Banco Mundial para comprar 60 novos trens.
Cabral ressaltou que, com as novas composições do metrô, a meta é saltar de 600 mil passageiros por dia para um milhão. Até março, haverá 19 dessas nos trilhos.
Ele lembrou que as obras da Linha 3 (Niterói-São Gonçalo) começam em janeiro e que a meta é ter 70% da população da Região Metropolitana se deslocando em transporte de massa.
Por Diego Valdevino / O Dia Online
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