Enquanto buscava um assento no ônibus, a aposentada Rita Gomes da Silva, 61 anos, recebeu uma bronca do motorista pela quantidade de sacolas que carregava. “Eu vinha com umas verduras de Águas Lindas. Não era tanta coisa assim, mas ele falou que velho não podia andar com tanta sacola. O negócio é que eles não querem respeitar a gente”, criticou.
Parece uma cena inusitada, mas a violência contra o idoso no transporte público é o foco, neste ano, da Campanha Nacional de Conscientização sobre a Violência contra a Pessoa Idosa. A iniciativa, coordenada pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, foi lançada ontem, no mesmo dia em que as Nações Unidas mobilizam todos os países sobre o tema.
A proposta do governo é distribuir cartazes e folhetos informando aos idosos e aos motoristas a conduta ideal a ser seguida. Inicialmente, a ação ocorrerá nas capitais e nas cidades com mais de 500 mil habitantes.
Ao todo, o Brasil tem hoje 20 milhões de idosos, o equivalente a pouco mais de 10% da população. Entre 1997 e 2007, o número de brasileiros com mais de 60 anos aumentou quase 50% — isso significa mais que o dobro do crescimento da população como um todo (21,6%).
No Brasil, a sanção do Estatuto do Idoso, em outubro de 2003, garantiu uma série de benefícios aos brasileiros dessa faixa etária. A legislação, que ficou em discussão no Congresso por sete anos, confirmou diversos direitos, como o atendimento preferencial no Sistema Único de Saúde (SUS) e o desconto de 50% em atividades culturais.
O documento impediu ainda o reajuste por idade de planos de saúde para clientes com mais de 60 anos, uma discussão que gerou divergências até mesmo no governo — o então ministro da Saúde, Humberto Costa, era contrário à medida. O argumento era de que a impossibilidade do reajuste para os mais velhos iria provocar o aumento da mensalidade para os demais clientes.
Fonte: Diário de Pernambuco
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