O sistema de trólebus de São Paulo vai continuar a rodar. Depois de rumores de que a SPTrans, que gerencia o transportes de passageiros na capital, estudava acabar com os ônibus elétricos, a empresa garantiu que o meio de transporte não será extinto e a razão para isso é o “amor” dos passageiros.
“Não é só a questão ambiental, o fato desses veículos não poluirem. Quem usa o trólebus é apaixonado por ele, gosta muito”, disse Pedro Luiz Machado, diretor da Sptrans, durante reunião da Comissão de Transporte da Câmara Municipal.
Mas o real problema do sistema é a manutenção da rede elétrica que alimenta os veículos. O consórcio que opera as linhas de trólebus e os sindicatos dos motoristas garantem que a rede está sucateada, atrapalhando a qualidade do serviço.
“Nós temos uma emenda a cada 58 metros de cabos”, revelou o presidente do Consórcio Leste 4, André Martins de Lissandre. “Em março deste ano, nós ficamos 764 horas sem energia em pelo menos uma parte do sistema”, contou.
Atualmente, a Eletropaulo é a única que pode mexer na rede de cabos dos trólebus. Porém, o convênio com a empresa, feito quando ela ainda era estatal, não prevê a manutenção da rede. “Eles só fazem algum reparo quando rompe a fiação”, disse Jorge Françozo de Moraes, presidente do Movimento Respira São Paulo, que defende a expansão do sistema de trólebus. “Não significa que ela é uma má empresa, mas ela não recebe para isso”, completou.
A Eletropaulo disse, porém, que faz a manutenção preventiva em toda rede de distribuição de energia dos ônibus elétricos, incluindo todos os cabos alimentadores da rede.
O contrato com a empresa termina em dezembro deste ano. A Prefeitura ainda não sabe o que vai acontecer após esse prazo. A Eletropaulo disse ontem que só irá se manifestar sobre a renovação do convênio no vencimento do contrato.
Um dos projetos em estudo é que o próprio operador do sistema se responsabiliza pela manutenção da rede. “Para recuperar todos os cabos, precisa de um investimento de R$ 14 milhões”, revelou o presidente do Consórcio Leste 4.
“Não é algo impossível de fazer”, completou.Segundo o consórcio, o consumo elétrico do sistema de trólebus é de 19 megawatt, o equivalente a energia necessária para abastecer até 100 residências. O gasto com a eletricidade dos ônibus chega a R$ 80 mil por mês.
“O custo da operação é o equivalente aos dos veículos movidos à diesel” disse André Martins de Lissandre.Frota deve ser renovada com novo projeto de veículo
O Consórcio Leste 4 anunciou nesta quinta que um novo projeto de veículo para rede de trólebus está para ser homologado. Com isso, outro problema que afetava o sistema dos ônibus elétricos deve ser solucionado: a falta de fabricante dos veículos.
“Está faltando sair o registro do projeto. Isso demora de 30 a 60 dias, mas já se passaram 20”, contou André Martins de Lissandre, do Consórcio Leste 4.
O diretor administrativo da Sptrans, Pedro Luiz de Brito Machado, cobrou dos defensores do sistema que não deixem o poder público mudar mais as exigências dos veículos elétricos. “Cada vez que muda o governo, fazem novas exigências. As empresas que investiram todas as suas apostas em um projeto, acabam quebrando”, justificou.
A frota atual da capital é de 177 veículos, com idade média de 20 anos, operando em 11 linhas. Quando o contrato com o Consórcio Leste 4 foi assinado, em 2008, uma das exigências era a compra de 140 novos veículos até o final deste ano. Até hoje, porém, apenas 11 dos carros antigos foram substituídos.
De acordo com o consórcio, o problema era a falta de fornecedor. “O nosso principal parceiro não estava mais produzindo. Tivemos que começar do zero”, explicou André Martins.
Fonte: Diário de São Paulo
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