Cerca de 1.100 brasileiros embarcaram nos últimos 6 meses para a África, onde durante a Copa, vão encarar um grande desafio. Estamos falando de ônibus brasileiros, fabricados nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul, que serão utilizados durante e pós Copa.
Além dos veículos, engenheiros do sistema africano de transporte observaram soluções implantadas nos sistemas de São Paulo e Curitiba, entre 2006 e 2007, para desenvolver alternativas locais.Dos cerca de 1.100 ônibus que embarcam para a Copa, 32 já foram selecionados para transportar as seleções. O restante ficará a serviço da Fifa e também no transporte público das cidades participantes.
São veículos urbanos e rodoviários, fornecidos pelas empresas Caio e Marcopolo, com custos que vão de R$ 350 mil à R$ 1 milhão.Setecentos destes veículos são Marcopolo, rodoviários e urbanos produzidos nas unidades de Caxias do Sul e pela Marcopolo Sul Africana.
Já os veículos Caio, fabricados em Botucatu, são dos modelos Apache e Mondego. Segundo a empresa, foram 370 carrocerias enviadas nos últimos meses, todos utilizados no transporte público regular.
As carrocerias foram enviadas desmontadas (CKD) para a Caio África, uma joint venture, desde 2006, da Caio Induscar com uma encarroçadora local. Segundo a empresa, todo o processo é assistido pela unidade brasileira, que também oferece suporte com equipe de assistência técnica e faz vistoria nos ônibus duas vezes ao ano, ou quando necessário.
Boa parte dos veículos fornecidos foram vendidos em licitações do governo. Outras unidades foram vendidas para empresas particulares, em negociações convencionais. Como a Marcopolo possui uma fábrica na África do Sul, bom preço parece não ser problema.
Urbanos
Os cerca de 200 ônibus urbanos oferecidos, são resultado de uma parceria da encarroçadora com os fabricantes de chassis Volvo e Scania. Em Johannesburgo, será utilizado o conceito BRT, Bus Rapid Transit, onde os veículos trafegam em pistas exclusivas nas principais vias da cidade. Para esta situação, os veículos entregues no ano passado possuem chassis Scania K310 articulados e K270. Todos os modelos Marcopolo foram montados na unidade de Caxias do Sul.
O sistema de BRT de Johannesburgo foi batizado de Rea Vaya, já está em funcionamento desde o ano passado e já passa por alguns problemas. O mais grave é o relato de ataques sofridos por motoristas da Rea Vaya por perueiros, que não concordam com a concorrência imposta pela prefeitura. Os ataques, no entanto, não foi direcionado apenas aos veículos. Segundo um jornal local, motoristas tiveram a casa incendiada pelos 'manifestantes'.Em setembro de 2009, duas pessoas ficaram feridas após um grupo abrir fogo contra um veículo articulado. O governo da cidade anunciou que vai adotar medidas para garantir a segurança dos passageiros.
Grande cliente
Países africanos já importam veículos de transporte coletivo brasileiros há algum tempo. No continente onde muitos países ainda vivem uma rotina de guerra entre tribos, conforme os conflitos são controlados e nações reestruturadas, são abertas novas oportunidades de negócio também para o transporte.Nesse ponto a encarroçadora gaúcha Marcopolo vem realizando o trabalho digno do desbravador da qual leva o nome.
De olho neste mercado, a empresa mantém um escritório desde 94 na África do Sul. Em 200 abriu uma fábrica na região de Johannesburgo, que conta com mais de 600 colaboradores, incluindo alguns brasileiros.Em 2009 foram 550 ônibus produzidos no país. Cerca de 60% dos componentes dos veículos são produzidos no próprio país. Os outros 40% são feitos no Brasil.
A unidade africana foi a que apresentou maior índice de crescimento de produção. Segundo a própria empresa, a fábrica apresentou aumento de 70% nas encomendas. Por isso houve investimento no aumento da unidade.Em março deste ano, a empresa entregou unidades da nova Geração 7 de ônibus para a companhia nigeriana ABC Transport.
“A apresentação dos novos veículos contou com a participação de cerca de 30 operadores, que correspondem a mais de 80% da frota de ônibus rodoviários do país. Alem desses, compareceram representantes da Mercedes-Benz e Volkswagen, parceiros no fornecimento de chassis”, destaca o representante para o mercado internacional da Marcopolo, Paulo Andrade. Segundo o representante, os ônibus rodoviários da empresa conquistaram excelente aceitação entre os empresários de tranporte nigerianos.
O veículo utilizado pelos Nigerianos é o Paradiso 1050, com porta entre os eixos para facilitar o acesso de passageiros, sistema de áudio e vídeo com dois monitores LCD, aparelho de DVD e rádio com CD. Com chassi Mercedes-Benz O500RSD 6x2, os veículos serão utilizados em rotas nacionais e internacionais.No final de 2009, a empresa entregou 300 unidades do ônibus Ideale 770 para a empresa Azinor, em Angola, para o transporte de passageiros nas linhas interprovinciais do país.
Além de África do Sul, Angola e Nigéria, outros países devem comprar unidades brasileiras em 2010. Segundo Railbuss apurou, Moçambique e Zimbábue também já possuem encomendas em produção.
Expansão
O sistema de transporte para a Copa 2010 foi apresentado na terça-feira (20). Foram gastos cerca de R$ 4,5 bilhões em aeroportos, uma linha de trem de alta velocidade e um novo sistema de transporte rodoviário.
Os gastos com a renovação do sistema de transporte tem sido alvo de crítica no país. Porém, há que se considerar que o sistema não será de uso exclusivo da Copa. Com a devida manutenção, a maioria da população, enfim, poderá se servir de transporte coletivo. Até março deste ano, o transporte era desorganizado e com muitos clandestinos.
Assim como para a Copa no Brasil, a reforma e construção dos estádios ainda é uma preocupação para a Fifa, na África era o transporte público que tirava o sono da federação internacional.Railbuss acompanha a evolução do sistema de transporte da Copa. Resta saber se a pouco menos de 2 meses da Copa, os novos brinquedos do presidente sul-africano Jacob Zuma darão conta do recado.
Fonte: Railbuss