A greve dos rodoviários acaba oficialmente a partir da 0h desta sexta-feira (1º) e embora a categoria afirme ter conseguido uma boa parte de suas reivindicações, acabou sendo punida em quase R$ 600 mil por descumprimento de ordem da Justiça do Trabalho. Ao todo, os sindicatos dos Rodoviários (STTREMA) e das empresas de ônibus (SET), terão que pagar ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), R$ 1,3 mi em multas.
Esse valor diz respeito aos dias em que os dois sindicatos deixaram de cumprir determinação da presidente do Tribunal, Ilka Esdra, para que os rodoviários encerrassem o movimento grevista desde o último dia 21. Aos empresários, a determinação era para que contratassem motoristas e cobradores, mesmo que substitutos, enquanto durasse a greve.
As determinações aconteceram no último dia 17 e caso não cumprissem o estabelecido, os sindicatos seriam apenados com multas diárias de R$ 40 mil (STTREMA) e R$ 50 mil (SET). Posteriormente estes valores foram aumentados para R$ 60 mil e R$ 80 mil, diariamente.
Histórico
Após duas semanas de negociações entre patrões e empregados do sistema de transporte, no dia 24 de abril os rodoviários da capital maranhense realizaram uma greve de advertência da 0h às 9h, reivindicando aumento salarial, regulamentação da jornada de trabalho, auxílio-creche, entre outras exigências.
A paralisação do dia seguinte acabou sendo cancelada, para que os dois sindicatos pudessem discutir melhor a pauta de reivindicações.
Em 15 de maio os rodoviários deflagraram a greve. No mesmo dia o Tribunal Regional do Trabalho (TRT-MA) realizou a primeira audiência de conciliação entre as duas entidades. Quatro dias antes, a presidente do Tribunal determinou que o funcionamento de 50% da frota de transporte coletivo em São Luís, caso os rodoviários definissem pela greve.
Representantes do STTREMA e do SET não chegaram a um consenso sobre a paralisação, mesmo após a segunda e terceira rodadas de negociações no TRT.
Revoltados pela falta de ônibus, passageiros da Cidade Olímpica depredaram alguns ônibus que prestavam serviço.
No dia 17 de maio, em decisão monocrática, a presidente do TRT determinou um reajuste de 7% para os rodoviários, enquanto o dissídio coletivo seja discutido na Justiça do Trabalho.
No dia seguinte foi realizada uma assembleia para analisar a decisão da magistrada. Nela, a categoria resolveu paralisar em 100% as suas atividades a partir da 0h do dia 21.
Sem ônibus, 700 mil pessoas acabam sendo prejudicadas. Aproveitando a oportunidade, o transporte alternativo lucra com a paralisação.
Após descumprimento de ordem judicial, a desembargadora Ilka Esdra declarou o movimento ilegal e abusivo.
Levantamento da Justiça do Trabalho mostra que em seis anos os rodoviários receberam um reajuste agregado de 44,93%.
Sindicato das empresas divulga nota informando que iniciaria processo de seleção para contratar novos profissionais. No dia 25, motoristas em treinamento foram atacados. Multa aplicada pelo TRT aos dois sindicatos chegou a R$ 490 mil neste dia.
A partir do dia 26, metade da frota voltou a circular diariamente na capital. Alguns acabaram sendo apedrejados , retornando às garagens.
Nova rodada de negociações, desta vez no Ministério Público do Trabalho (MPT), tenta dar fim à paralisação. Como parte das negociações, empresários apresentam à prefeitura um pedido de recomposição, alegando que teriam prejuízos com o pagamento dos reajustes.
Mais de duas semanas após iniciada, finalmente greve chega ao final. Rodoviários receberam um reajuste salarial de 7%, reativação do plano de saúde e aumento no valor do tíquete-alimentação de R$ 341 para R$ 365. Como parte do acordo, nenhum membro da categoria será demitido por participar da paralisação.
Fonte: g1.globo.com/ma