Salvo alguma medida extraordinária, amanhã às 9h10 e às 15h serão abertos os envelopes da concorrência do transporte coletivo de Marília que pode acabar com o monopólio de mais de duas décadas da Circular. A concorrência milionária prevê a divisão da cidade em duas empresas.
A licitação acontece no setor de compras da prefeitura e tem onze empresas registradas. Cada uma depositou caução de R$ 197 mil para participar da concorrência. Segundo apurou o Diário, a Circular não entrou, mas duas empresas ligadas ao mesmo grupo instaladas em Belo Horizonte (MG) participam da licitação (veja infográfico).
O prefeito Mario Bulgareli disse estar ansioso com a licitação da concessão de transporte coletivo. “Desde o início sabíamos que o processo poderia ser moroso, como está sendo, e estamos na eminência de mais esta conquista para a população”, disse ontem.
A concorrência acontece após nove meses do lançamento do edital, várias impugnações e uma guerra travada nos tribunais. “Apesar de ser um período longo, a Administração está confiante no processo de licitação, e que vai marcar uma nova era no transporte público”, reitera Bulgareli.
As empresas vencedoras vão ganhar contratos de 15 anos podendo ser prorrogados pelo mesmo período. Haverá ainda mudanças nos sistema de atendimento a usuários e concessionárias terão de investir em novos veículos e infraestrutura que podem ultrapassar R$ 30 milhões por lote.
Apenas com ônibus novos a prefeitura prevê que empresas devam gastar cerca de R$ 17 milhões.
Com o fim do monopólio a cidade será dividida em dois lotes: norte e sul, além da criação de três alças diametrais que ligando os extremos da cidade.
A região norte que compreende a zona leste, segundo o edital, será atendida com 14 linhas e 60 veículos e tem média prevista de 26.500 passageiros por dia. Já o lote sul, que engloba a zona oeste, conta com 16 linhas, 60 veículos que vão transportar aproximadamente 27 mil passageiros diariamente.
A região central da cidade, onde fica o terminal urbano, será considerada neutra e atendida por ambas as empresas. Já uma das alças diametrais ligará as regiões norte e sul com intervalos de 15 minutos a cada parada sem passar pelo terminal urbano para integração.
Empresas que vencerem a licitação também terão de garantir passe livre para idosos a partir de 60 anos, crianças com até cinco anos, além de gratuidade para policiais militares e civis fardados ou não e carteiros quando em serviço e uniformizados. Para estudantes e professores continua a vigorar o passe reduzido de 50%.
Outra mudança positiva será o sistema de bilhete eletrônico que vai permitir além da integração no terminal urbano que usuários mudem de ônibus ou linha sem necessidade de pagar nova passagem dentro do lote atendido desde que a troca seja feita num espaço de tempo de até uma hora contado do registro da tarifa no veículo utilizado anteriormente.
Edital prevê passagem em até R$ 2,85
Os moradores de bairros mais afastados são os que mais sofrem com o transporte coletivo deficitário e caro de Marília. De acordo com edital de licitação o teto máximo da passagem será R$ 2,85. Mas esse valor pode ser menor, dependendo da concorrência das empresas.
Na opinião de Janet Shneider, presidente da associação de moradores do bairro Castelo Branco, caso o monopólio do transporte tenha fim a cidade só tem a ganhar e os moradores terão mais opção para seu transporte. “O dia do trabalhador deve começar com um transporte rápido e barato”, disse.
As dimensões da cidade foram diminuídas com a divisão em dois lotes, o trecho central que deverá ser compartilhado pelas empresas e o tempo de uma hora para fazer a integração de um ônibus para outro. São fatos vistos com bons olhos para quem precisa passar pelo centro no caminho para outra ponta da cidade.
“Se nada atrapalhar essa concorrência vai ser muito vantajoso e econômico”, afirma a presidente.
OPÇÕES
Para quem efetivamente precisa de ônibus o fim do monopólio é visto como uma luz no fim do túnel para melhoria do serviço prestado.
O pedreiro, Paulo de Toledo, 63, morador do bairro Santa Antonieta, acredita que com a uma nova empresa a população irá ganhar. “Além das altas tarifas, os horários dos ônibus nos bairros mais afastado é um grande problema, às vezes fico 40 minutos esperando no ponto embaixo do sol”, afirma.
Para o aposentado, Osiro de Lima, 66, uma única empresa em Marília não é suficiente, pois há abuso no preço de tarifas e atraso nos ônibus. “Nossa cidade é um dos locais com a passagem de ônibus mais caras”, afirma.
O vigilante Aparecido de Jesus, 50, também acredita que o fim do monopólio deve melhorar a qualidade dos serviços. “Aqui é muito precário, necessita de investimentos e melhorias”.