O pedido da categoria é de um reajuste de 13,98%. O salário-base atual é de R$ 1.192 para motorista e R$ 715, cobradores.
Durante a manhã de ontem, os rodoviários paralisaram os ônibus em três pontos da cidade: no Baldo, em frente ao sindicato da categoria (Sintro), onde era realizada a assembleia; na Bernardo Vieira; e também nas proximidades da Prefeitura de Natal. Na assembleia da tarde, a paralisação dos veículos foi bem menos, e ocorreu por 20 minutos apenas no Baldo.
“Quem nos levou à greve foi o patronato”, afirmou o presidente do Sintro, Nastagnan Batista. Ele afirmou que não houve avanços nas negociações realizadas até a última terça-feira e argumentou que há 48 dias os rodoviários tentam ver atendida sua pauta de reivindicações. “Não realizamos paralisações antes por respeito à Justiça e à população.”
Às 9h40, uma centena de trabalhadores que participavam da assembleia no Sintro foi para o Baldo e determinaram que os coletivos que rodavam nas imediações estacionassem nas ruas próximas. Três faixas da avenida Coronel Estevam (av. 9) foram fechadas por dezenas de ônibus e, na descida para o Baldo, restou aos motoristas que vinham do Alecrim apenas uma quarta-faixa, geralmente utilizada pelos coletivos que seguem da Cidade Alta para o Alecrim. Nas proximidades da Cosern e também entre a Deodoro da Fonseca e a Olinto Meira, os veículos parados causaram congestionamentos.
O presidente do sindicato lamentou o prejuízo à população, mas pediu o apoio dos passageiros à luta da categoria. “Só de aumento de passagem a prefeita Micarla de Sousa concedeu 10% e para nós, trabalhadores, os patrões só oferecem 6,3%”, criticou.
De acordo com Nastagnan Batista, a partir de segunda-feira só funcionará a frota mínima de 30% dos ônibus. “Foram os patrões que quiseram assim”, reforçou.
São ao todo 4 mil rodoviários trabalhando nas empresas urbanas e outros 3 mil nas que fazem as linhas intermunicipais. “Também reunimos esse pessoal, já que os sindicato das empresas intermunicipais (Setrans) declarou que vai seguir o que for oferecido pelo Seturn”, explicou.
Ele assegurou que o Sintro mantém aberta a mesa de negociações e que a greve marcada para segunda-feira poderá ser suspensa se até lá houver avanços na oferta feita pelos empresários.
Empresários e passageiros reclamam
O diretor de Comunicação do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano (Seturn), Augusto Maranhão, classificou de “intempestivas” e “desnecessárias” tanto a paralisação de ontem, quanto a greve marcada para segunda-feira. “Atos como esse de hoje (quarta-feira) são um procedimento que não cabe mais. As negociações continuam e agora, com a instauração do dissídio coletivo (por parte do Seturn), seguem sob a tutela do Tribunal Regional do Trabalho”, enfatizou.
O empresário aguarda a nova rodada de negociações no TRT e voltou a afirmar que o índice de 6,3% de reajuste é o possível de ser oferecido, no momento, pelas empresas a seus empregados. O Sindicato dos Rodoviários, no entanto, não aceita o percentual e quer incluir ainda nas negociações o aumento para R$ 300 do vale-alimentação (atualmente é R$ 140 para motoristas e R$ 94 para cobradores), o retorno do quinquênio (5% de reajuste a cada cinco anos de tempo de trabalho), plano de saúde e o fim da cláusula que permite 20% da frota rodar com uma pessoa exercendo as duas funções.
Além dos empresários, a maioria dos passageiros também criticou a paralisação de ontem. Centenas de pessoas deixaram os ônibus na descida do Baldo e seguiram o trajeto até a Cidade Alta a pé. No sentido inverso, indo para casa, parte dos ocupantes preferiu aguardar o fim do ato de protesto, que durou exatas duas horas.
Enquanto alguns passageiros paravam para apoiar a luta dos rodoviários, muitos gritavam palavrões contra os motoristas e cobradores. Os ânimos se exaltaram em alguns momentos, mas não houve agressão física das partes.
Fonte: Tribuna do Norte