
Com a chegada do ônibus, os passageiros se acomodam e o veículo já sai lotado do terminal. A cada parada, mais pessoas se misturam no interior do "Amarelinho", superlotando o carro. "Eu resido no Verdinho e pego seis ônibus por dia para ir ao trabalho e voltar para casa. Tiraram a linha Expresso do horário das 14h30min e o itinerante das 8h40min para a Quarta Linha. E a mudança foi do dia para a noite, sem comunicado", diz a usuária do transporte coletivo, Graça Dalmolin.
Ao fim do trajeto, o tempo que se levou para chegar até o centro da cidade foi exatamente 30 minutos. Durante todo tempo que a equipe de reportagem esteve no terminal, não foi vista a ação de nenhum coordenador para fiscalizar o embarque e o desembarque dos passageiros.
Quando não é o atraso dos ônibus, o problema tem sido a velocidade dos veículos e a falta de atenção dos motoristas com os passageiros. Durante os diversos dias que a equipe de reportagem saiu a campo e utilizou o meio de locomoção, várias imprudências foram flagradas. Velocidade que proporciona a insegurança dos passageiros, pessoas presas na porta dos ônibus. Fatos que foram vistos e confirmados por pessoas que sofreram e convivem rotineiramente com a situação.
O A Tribuna utilizou o transporte coletivo que faz a linha Mãe Luzia a São Defende, Mãe Luzia a Montevidéu, Expresso e "Amarelinho". Em uma das viagens, ao embarcar no ônibus no Terminal Central, uma passageira ficou presa na porta de entrada do veículo.
O problema mais constante e evidenciado in loco é a alta velocidade. Passageiros precisam se segurar para não caírem no interior do veículo. A sensação é de que o motorista conduz o veículo numa velocidade de 80 km/h. Na descida aos pontos de ônibus, passageiros sofrem ainda mais com o problema. As freadas são tão bruscas que, em um descuido, a pessoa pode cair. É tão nítido o desrespeito à velocidade que em diversos momentos o sensor do tacógrafo, equipamento que controla a velocidade, é acionado, indicando a ultrapassagem. Em um dos percursos que a equipe de reportagem realizou, o motorista estava acima de 50 km/h e, percebendo que passava por uma lombada eletrônica, teve de frear. O equipamento ainda registrou 55 km/h.
A supervisora de trânsito e transporte da Autarquia de Segurança, Trânsito e Transporte de Criciúma (ASTC), Caroline Zanette, explica que o atraso nos itinerantes ocorre devido às obras de saneamento e a pavimentação da cidade. Nos últimos meses, as reclamações têm sido constantes.
"As obras estão colaborando para o atraso dos ônibus. Os motoristas precisam realizar desvios e, consequentemente, há atrasos. Um exemplo são os horários da Quarta Linha, pois existem obras na Desembargador Pedro Silva, Luiz Rosso e Joaquim Nabuco. Já estão sendo colocados carros extras", explica Caroline.
Sobre a questão de velocidade e fiscalização, a supervisora de trânsito e transporte alega desconhecer o problema, mas que as denúncias serão verificadas. "Deverão ser verificados os tacógrafos na chegada à garagem. O usuário é também um fiscal. Se os usuários não denunciarem, é mais difícil de termos conhecimento dos problemas. Pedimos que as pessoas liguem para o número 156 para denunciar. É importante repassar o horário, a linha correta e o número do carro", pede. De acordo com Caroline, na Avenida Centenário, a velocidade máxima permitida para os "Amarelinhos" é de 60 km/h e nos trechos entre bairros a variação é de 40 a 60 km/h.