O projeto +Mobi+Tempo, de reativação da linha férrea entre Sorocaba e Votorantim, foi selecionado para uma rodada de financiamento em Brasília, no dia 10, durante o evento FinanCidades: rodada de negócios de projetos urbanos. Desenvolvido pela Agência Metropolitana de Sorocaba, com o apoio da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SDUH), o projeto é dividido em duas fases.
Na fase 1 seria a implantação, na sua forma mais simples, mas de grande impacto devido à revitalização de uma área de extrema degradação. Nesta fase, o projeto considera duas estações, uma em Sorocaba, com a restauração da Estação Paula Souza e outra em Votorantim, com a construção de um anexo ferroviário junto ao terminal de ônibus.
Todos os materiais históricos ou com potencial passarão a compor um museu dinâmico na fase 1. Segundo o anteprojeto, a operação permite transferir cerca de 5 mil automóveis e 10 mil passageiros que circulam entre as duas cidades. Essa primeira etapa consiste em 6,5 km de extensão e trem com velocidade mínima de 50 km/h. A tarifa estabelecida é de R$ 3,00. O projeto apresenta 5 viagens por hora, por sentido, e 90 viagens diárias por sentido. No projeto constam cinco carros, com capacidade para 80 passageiros em cada um, somando 500 passageiros por viagem, sendo 400 sentados e 100 em pé.
A demanda potencial foi avaliada em 150 mil passageiros. “Uma demanda mais que suficiente para justificar a iniciativa”, disse o engenheiro responsável pelo projeto, José Carlos Carneiro. O estudo considera fluxos de 150 mil, 20 mil e 5 mil passageiros por dia. “Essas demandas poderão se alterar ao longo do tempo conforme a aceitação do sistema até atingir o limite do potencial”.
Quanto ao formato da operação e principalmente a configuração do material rodante, o projeto considera duas hipóteses, são elas: Solução A, considerado um padrão internacional para projetos de Veículo Leve sobre Trilho (VLT) e a via duplicada e a Solução B, com material rodante histórico de posse da Sorocabana -- Movimento de Preservação Ferroviária, devidamente restaurado.
O engenheiro disse que o projeto se sustenta não só do ponto de vista do investidor, como do interesse público. Carneiro ressalta que a ligação ferroviária entre Sorocaba e Votorantim devolve às duas cidades qualidades urbanas surpreendentes e com investimento baixo, além de aumentar a mobilidade com menor custo e reduzir a emissão de dióxido de carbono na fase 1 e eliminação total na fase seguinte. Quanto a parte histórica, ele destaca que o projeto entrega uma via segura para o tráfego do trem turístico e patrocina a preservação do material histórico com ganhos para a história e turismo.
“Também há o aspecto da requalificação urbana da Estação Paula e seu entorno, com a restauração da estação e a criação de um mirante na área de cota mais alta para a praça Lions, que é um hub importante da cidade, pois ali passa a avenida Dom Aguirre e o rio Sorocaba”, disse Carneiro.
11 estações
Na segunda fase do projeto, o sistema assume o formato de uma linha VLT convencional, com mais estações e obras para integração com o sistema de transporte público de Sorocaba. No projeto constam 11 estações: Votocel, Velangieri, Vila Dominguinho, Tabajara, Ângelo Vial, Parada do Alto, Barcelona, Vila Assis, Terminal São Paulo, Paula Souza e Terminal Santo Antônio.
Para essa outra fase do projeto, serão necessárias obras como o prolongamento da via até o Votocel, acrescentado mais 4 quilômetros de via; duplicação da via e obras acessórias; implantação da eletrificação (apesar de originalmente elétrica, toda a fiação foi roubada, e mesmo assim haveria necessidade de reforço nas subestações); nova ponte sobre a avenida Afonso Vergueiro, na praça Lions; requalificação da plataforma de embarque da estação da Sorocabana para permitir a conexão com o Terminal Santo Antônio; implantação de oficina de manutenção; sistema de sinalização e comunicação e sistema de bilhetagem.
A proposta de operação do projeto consiste em uma viagem de 13,2 minutos, em uma velocidade de 50 km/h e 11 quilômetros de extensão.
“São duas fases. O primeiro ou fase 1 é bem simples e utiliza o material rodante já disponível da Associação de Preservação, e liga apenas as estações terminais da Paula Souza e Votorantim, em um custo estimado de R$ 20 milhões e retorno dentro do projeto. A fase 2 prevê um VLT padrão com extensão até Votocel e 11 paradas, com possibilidade também de conectar os terminais São Paulo e Santo Antônio. O custo é de R$ 560 milhões e depende de subsídios”, explica Carneiro. (Virginia Kleinhappel Valio)
Informações: Jornal Cruzeiro
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