Promotor Antônio Gilvan de Abreu defende a retirada de 40 mil veículos por dia das ruas da cidade para que o trânsito flua melhor.
Passagem de ônibus mais baratas fora do horário de pico não só é apoiada pela população em geral, em particular usuários do sistema e classe média proprietária de veículos, como pelo Ministério Público Estadual (MPE). O titular do Núcleo de Atuação Especial de Controle, Fiscalização e Acompanhamento das Políticas Públicas do Trânsito (Naetran), do MPE, Antônio Gilvan de Abreu Melo, considera a proposta "excelente".
Ele tomou conhecimento da medida por meio de matéria publicada, com exclusividade, pelo Diário do Nordeste, na edição de ontem. Na sua avaliação, a redução da tarifa sozinha não irá tornar o transporte coletivo mais atraente para quem tem carro. "É preciso oferecer um ônibus de mais qualidade, conforto, segurança e pontualidade". Sem isso, salienta, aliada às vias desimpedidas e sem buracos, somente as pessoas que já usam o transporte de 9 às 16 horas e depois das 20 horas, é quem se beneficiará.
O fim dos estacionamentos também foi outra medida comemorada pelo representantes do MPE. A proposta foi anunciada pelo presidente da Empresa de transporte Urbano de Fortaleza, Ademar Gondim, como sendo uma das possíveis alternativas da Prefeitura. O presidente da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC), Fernando Bezerra, que está em viagem aos Estados Unidos não se pronunciou sobre a questão. Entretanto, a ideia é uma das estudadas pelo órgão com o objetivo de melhorar o fluxo de veículos, segundo a assessoria de imprensa.
De acordo com o promotor de Justiça, outra alternativa, seria a implantação de estacionamentos paralelos ao meio-fio. "É louvável e diminuiria os transtornos enfrentados pelos motoristas toda vez que outro entra ou sai de ré do parqueamento. Será bem vinda".Outra contribuição para aliviar as principais ruas e avenidas de Fortaleza, Antônio Gilvan defende a implantação de estacionamentos no entorno de bairros como Aldeota, Centro, Dionísio Torres, Papicu, Bairro de Fátima, Parangaba e Montese. "São equipamentos públicos, com segurança para o veículo, onde o condutor pode deixar seu carro, pegar um transporte público para se deslocar ao trabalho ou outra atividade".
O próprio promotor de Justiça é usuário de ônibus. Ele conta que prefere deixar o carro em casa e quando não pode ir no coletivo apela para um colega ou toma um táxi. "É tranquilo, mas somente depois das 8 horas. Chego sem problema à Procuradoria de Justiça, sem estresse ou preocupação".Conquistar usuários com o perfil do promotor, proprietários de carros, é uma das metas da passagem com valor mais baixo. Entretanto, estima Antônio Gilvan, sem outras ações isso será muito difícil.
A advogada Maria Valéria de Moura, mora na Aldeota e trabalha na Parangaba. Para chegar ao escritório às 9 horas, sai de casa antes das 7h30. "O trânsito simplesmente não anda. É um inferno, tenho dor de cabeça, fico nervosa e tudo isso causado durante o percurso".
Ela tem carro há dez anos e nunca usa ônibus. "Se o sistema fosse outro, com o ônibus passando no horário certo e andasse rápido e eu fosse sentada, não me incomodaria em mudar esse comportamento".
O microempresário Eduardo José Albuquerque confessa que utiliza coletivo somente quando viaja à Europa. "Lá é outra coisa e não esse bagunça que é enfrentada aqui. Se fosse diferente, eu até me arriscaria".
As providências em estudo pela Prefeitura são bem aceitas por quem atua no transporte público e os usuários. A redução no preço da tarifa, por exemplo, já vem sendo colocada para avaliação dos gestores do sistema. Supervisores e coordenadores de todos os terminais rodoviários foram ouvidos, em reunião, com representantes da prefeitura e se posicionaram favoráveis.
O supervisor do Terminal da Parangaba, Francisco Humberto Soares, afirma que isso equilibraria os horários de maior e menor demanda. "Teríamos mais controle sob as filas e diminuiriam os conflitos, isso sem falar na redução do estresse do motorista, trocador, fiscal e quem gerencia o sistema".
O Terminal da Parangaba é um dos maiores da cidade. Por lá, circulam, diariamente, 230 mil passageiros. Nos horários intermediários, entre 9 às 16 horas, e após às 20 horas, o número cai para 90 mil. Uma diminuição de 140 mil usuários. São 47 linhas de ônibus, incluindo os chamados corujões e inúmeras viagens.
A dona-de-casa Maria Auxiliadora Sousa relata que sai de casa somente quando tem algo muito importante para fazer no Centro da cidade. Ela mora na Parangaba. "Já sei que saindo depois das 9 horas eu vou e volto em ônibus sentada. Se baixar o preço da passagem, será melhor ainda".
Outro que nem acreditou quando leu a matéria do Diário do Nordeste foi o vendedor autônomo Pedro Jorge Silva de Oliveira. "Com esse incentivo, posso planejar todo o meu dia com os clientes para horários fora do pico. Será ótimo".